
O desaparecimento de um menino de 11 anos causa comoção em Três Passos, cidade de cerca de 24 mil habitantes no Noroeste gaúcho. Filho de um médico conhecido no município, Bernardo Uglione Boldrini não é visto há dez dias.
Na tarde do dia 4 de abril, uma sexta-feira, Bernardo viajou com a madrasta para comprar uma televisão em Frederico Westphalen, no norte do Estado. Quando retornaram a Três Passos, por volta das 17h30min, o menino relatou a ela que iria passar o final de semana na casa de um amigo. Foi a última vez que ele falou com a família.
Como a residência do colega fica a três quadras de distância da casa da família Boldrini, no centro da cidade, Bernardo iria caminhando ao local. Ele deveria voltar da casa do amigo - onde passava os finais de semana com frequência para jogar computador e futebol - por volta das 18h de domingo.
Quando passou do horário, o pai Leandro Boldrini, 38 anos, resolveu ir buscar o filho no vizinho. No entanto, ao chegar à residência, soube que a criança não passou o final de semana lá.
- Liguei para o celular dele, mas dava direto na caixa postal. Achei estranho e comecei a procurar ele na casa de outros amigos. Depois, fui à polícia registrar a ocorrência de desaparecimento - relata o pai.
Desde então, o cirurgião-geral passou a peregrinar diariamente à delegacia do município à procura de notícias do filho. A família também confeccionou dezenas de cartazes com a foto de Bernardo e o telefone da delegacia, que foram espalhados por três cidades gaúchas. Além de Três Passos, há cartazes informando o desaparecimento de Bernardo em Santa Maria, onde reside a avó materna e uma madrinha, e em Passo Fundo, onde mora um padrinho.
Bernardo mora com o pai, a madrasta e uma meia-irmã, de um ano. Estuda no turno da manhã no Colégio Ipiranga, instituição particular, e não costuma sair sem avisar o destino à família. A madrasta não recorda se o garoto saiu de casa com uma mochila, pois estava dando banho à filha caçula quando falou com ele pela última vez.
-Não sei o que pensar. Todas as possibilidades já passaram pela minha cabeça, desde sequestro até tráfico internacional de pessoas, já que a cidade fica próxima à fronteira com a Argentina - afirmou o pai, que não passa um dia sem ligar para o celular do filho, mesmo recebendo apenas a resposta da caixa-postal.
Ele atua como cirurgião-geral no hospital do município e também é proprietário da Clínica Cirúrgica Boldrini.
Polícia investiga três hipóteses para o caso
A Polícia Civil de Três Passos investiga três hipóteses para o desaparecimento: fuga, sequestro ou homicídio. Embora nenhuma tenha sido descartada, a delegada regional Cristiane de Moura e Silva Braucks, afirma que as duas primeiras perderam força nos últimos dias:
- Devido ao tempo de desaparecimento e a ampla divulgação do caso, a hipótese de fuga vem perdendo a força. O mesmo acontece com a hipótese de sequestro, já que até o momento ninguém entrou em contato com a família.
Segundo ela, o caso é incomum no município e não há pistas concretas sobre o paradeiro do menino. Familiares e amigos realizaram duas passeatas cobrando uma solução para o caso, a última no domingo.