Além de medir desempenhos, o Índice de Desenvolvimento Estadual-RS (iRS) serve para iluminar os bons exemplos. Alguns desempenhos de sucesso nem sempre estão no topo do ranking. São Estados que, entre 2005 e 2012, destacaram-se por avançar em maior velocidade do que os demais.
Desenvolvido em parceria por ZH e Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia (Face) da PUCRS, o iRS tem três dimensões (padrão de vida, educação e longevidade e segurança). Em todas, é possível identificar casos de regiões que aceleraram em sete anos.
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Uma das situações mais emblemáticas é a do Rio de Janeiro. Enquanto o Rio Grande do Sul se manteve estacionado na quarta colocação geral do iRS, o Rio ganhou 10 posições (do 16º para o sexto lugar). Melhorou em todas dimensões, especialmente em longevidade e segurança.
- O salto é reflexo de uma revolução silenciosa que inclui a despolitização dos órgãos estaduais, com técnicos à frente das principais pastas, e a adoção de um modelo de gestão com base na meritocracia, com metas de desempenho e premiação de servidores - assegura o secretário-chefe da Casa Civil do governo do Rio de Janeiro, Leonardo Espíndola.
No que se refere ao índice de padrão de vida, o destaque da série histórica é Roraima, que conseguiu mais do que dobrar o percentual de trabalhadores com carteira assinada. Por conta disso e de um aumento de 66,07% na média salarial, saiu da 22ª para a nona posição.
Prêmio por mérito conquista espaço
Em longevidade e segurança, o protagonista da escalada foi Pernambuco. O Estado deixou a lanterna e alcançou o 13º lugar em 2012. Um dos motivos foi a redução na taxa de mortalidade infantil.
- O cuidado com as crianças sempre esteve nas nossas metas. Em 2006, ainda tínhamos um cenário muito desigual. As crianças que nasciam no sertão eram mais vulneráveis. Priorizamos essa região, reunimos nove secretarias em torno do problema e individualizamos o acompanhamento às gestantes - afirma a diretora-geral das Políticas Estratégicas da Secretaria da Saúde de Pernambuco, Ana Elizabeth de Andrade Lima.
No quesito educação, o bom exemplo vem do Ceará. Se a maioria dos Estados piorou ou ficou na mesma, os cearenses registraram acréscimo de 42,82% no índice. Tanto lá quanto no Rio, os sistemas de premiação ganharam espaço.
- Premiar os melhores não resolve, mas tem o papel de quebrar a inércia. É simbólico - diz o secretário de Educação do Ceará, Maurício Holanda Maia.
Avanço no índice geral
Rio de Janeiro: de 16º lugar para 6º lugar entre 2005 e 2012
Principal motivo: o Rio avançou nas três dimensões do iRS no período, mas o indicador que mais cresceu e contribuiu para que o Estado ganhasse 10 posições em sete anos foi Longevidade e Segurança, com um salto de 84,73%. O Padrão de Vida melhorou 18,67% e a Educação, 29,38%.
Como foi possível: O salto em Longevidade e Segurança ocorreu, principalmente, devido à redução da taxa de homicídios, que caiu 38,29%. A redução seria resultado da implantação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e a adoção de prêmios para policiais que alcançam metas de eficiência.
Avanço no padrão de vida
Roraima: de 22º lugar para 9º lugar entre 2005 e 2012
Principal motivo: o Estado conseguiu subir 13 posições no ranking do Padrão de Vida porque mais do que dobrou o número de trabalhadores com carteira assinada entre 2005 e 2012 (o percentual da população economicamente ativa passou de 14% para 31%) e aumentou a média salarial em 66,07% (de R$ 1.191 para R$ 1.978).
Como foi possível: para o economista Haroldo Amoras, ex-secretário de Planejamento de Roraima, os principais motivos foram os investimentos em obras públicas e o salto da construção civil. Programas como o Minha Casa Minha Vida movimentaram a economia e abriram vagas de trabalho formal, assim como grandes obras de infraestrutura.
Avanço em educação
Ceará: de 15º lugar para 11º lugar entre 2005 e 2012
Principal motivo: as duas variáveis que compõem o indicador melhoraram. A nota padronizada da Prova Brasil para o 4º ano passou de 3,84 em 2005 para 5,35 em 2012 (em uma escala de zero a 10). A taxa de distorção idade/série para o Ensino Médio caiu de 53% para 31,1%.
Como foi possível: o secretário estadual de Educação, Maurício Holanda Maia, aponta uma série de medidas, como um programa de alfabetização e mudança nas regras de distribuição do ICMS para premiar municípios que se destacam em educação. Além disso, houve a abertura de 104 escolas em tempo integral com Ensino Médio técnico integrado e cursos profissionalizantes.
Avanço em longevidade e segurança
Pernambuco: de 27º lugar para 13º lugar entre 2005 e 2012
Principal motivo: houve redução de 33,95% da taxa de mortalidade infantil no período, uma das três variáveis que compõem o índice de Longevidade e Segurança. Em 2005, a taxa era de 21,5 mortes a cada mil nascidos vivos. Em 2012, não passou de 14,2. Também foi registrada queda (27,92%) na taxa de homicídios.
Como foi possível: a queda nas mortes infantis é atribuída ao programa Mãe Coruja. A partir dele, os municípios mais vulneráveis passaram a contar com dois profissionais para acompanhar as gestantes e seus filhos. Em paralelo, foi criado um sistema de informações online para monitorar caso a caso. O projeto contempla 105 dos 185 municípios pernambucanos e monitora 117 mil mulheres e 60 mil crianças.