O coronel reformado Raymundo Ronaldo Campos, um dos cinco acusados de envolvimento na morte e ocultação de cadáver de Rubens Paiva, revelou, em depoimento de pouco mais de uma hora ao Ministério Público Federal, detalhes da "farsa" montada por militares do Destacamento de Operações de Informações (DOI) para simular a fuga do deputado, no dia seguinte de sua prisão, em janeiro de 1971.
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O militar disse que seria punido se não participasse da encenação, ordenada, segundo ele, pelo então subcomandante do DOI, major Francisco Demiurgo Santos Cardoso, já falecido.
Na denúncia, os procuradores pediram pena mais branda para Campos, por ter colaborado com as investigações. Na época, ele era capitão e trabalhava seção de busca e apreensão da unidade do DOI que funcionava no batalhão do Exército na Rua Barão de Mesquita, na Tijuca (zona norte), onde Rubens Paiva foi morto.
- Demiurgo era chefe das equipes de busca (...) Eu não tinha acesso à seção de interrogatório (...) O Demiurgo, com ordem de alguém, resolveu montar operação para dizer que o Rubens Paiva fugiu. Eu fui fazer essa operação cinematográfica - disse o coronel reformado aos procuradores.
Campos disse nunca ter visto Rubens Paiva:
- Nem sei como ele era - relatou Campos, que também falou à Comissão Estadual da Verdade.