Respeitado pelos jovens guerreiros, escutado pelos velhos da tribo e temido pelos agricultores, o cacique Amandio Vergueiro, 75 anos, compara o arrendamento clandestino de terras das áreas indígenas para colonos como uma peste que está levando os caingangues à extinção.
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- Retomar a nossa terra dos agricultores pequenos e arrendá-las para os grandes é uma prática que vem se espalhando entre os índios. Isto tira a seriedade da nossa luta - protesta Vergueiro, cacique do acampamento Butiá, que fica à beira da estrada entre as cidades de Passo Fundo e Pontão.
O arrendamento ilegal de áreas indígenas perfila-se entre os principais alimentadores da disputa agrária entre índios e colonos. Para arrendar as terras, as lideranças das tribos acabam expulsando famílias da área. As famílias acabam formando acampamentos em beiras de estradas, que se tornam foco de tensão agrária.
O cacique não é único a falar sobre o assunto. Há vários documentos governamentais e da própria Fundação Nacional do Índio (Funai) que apontam nesta direção, como um da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) do Estado, de maio do ano passado, que recomenda: "Ação conjunta entre os governos do Estado e Federal visando coibir os arrendamentos em áreas indígenas, situação que acaba beneficiando alguns indígenas e alguns agricultores, gerando mais exclusão e demandas por novas áreas".