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Uma reunião, que será realizada nesta sexta-feira à tarde, pode ser o primeiro passo para que indígenas e agricultores tentem uma conciliação em Faxinalzinho, no norte do Estado.
No encontro, articulado pelo governo do Estado, estarão presentes representantes do Piratini, do Ministério Público Federal (MPF) e da prefeitura da cidade, bem como lideranças dos lados envolvidos no conflito agrário.
Segundo o secretário municipal de Administração de Faxinalzinho, Julio Cesar Pires Luz, a ideia é acalmar os ânimos, acirrados desde a morte de dois colonos, que teriam sido perseguidos e mortos pelos índios no fim de abril. A comissão que representa os produtores na reunião desta sexta será liderada por Ido Antonio Marcon, presidente da Associação de Moradores da cidade. Já os indígenas deverão ser capitaneados pelo cacique Deoclides de Paula.
O encontro também visa a preparar o terreno para a mesa de diálogo que o governo federal pretende pôr em prática no dia 22, em audiência no Ministério da Justiça, em Brasília. O ministro José Eduardo Cardozo afirma que o objetivo é levar o debate para um local neutro.
Inicialmente, os caingangues afirmaram que não aceitariam conversar fora do norte gaúcho. Cardozo, porém, assegura que os indígenas concordaram em participar da reunião na capital federal:
- Falamos com lideranças caingangues à tarde e tivemos a concordância delas para se reunir em Brasília.
O ministro voltou a criticar a animosidade no Rio Grande do Sul e fez um novo apelo para conciliação. Ele assegura que irá "até o limite" na tentativa de fechar um acordo entre indígenas e produtores, capaz de evitar a judicialização da questão. Por fim, apontou que algumas lideranças vêm fazendo uso político do conflito, diante da proximidade do período eleitoral:
- Tem gente que, por motivos políticos, quer apagar o incêndio com querosene, o que efetivamente não cumpre com o interesse público. Não quero transformar isso em discussão eleitoral, temos de resolver com a cabeça.
No fim da tarde de quarta-feira, usando toras de eucalipto, indígenas bloquearam a estrada de terra (RST-487) que liga Faxinalzinho a Benjamin Constant do Sul. O protesto trouxe nova onda de tensão ao município, de apenas 2,5 mil habitantes.
Nesta quinta, porém, o clima na cidade já era mais tranquilo. Cerca de 30 policiais federais trabalhavam para evitar eventuais conflitos entre indígenas e agricultores.