
Tradicional recanto em que os turistas provam traíra ou dourado frito enquanto bebericam cerveja ao pôr-do-sol, o bairro do Passo, em São Borja, está sendo gradualmente tragado pelas águas do Rio Uruguai. A maioria dos 12 bares que reúnem centenas de frequentadores à noite está inundada, desde que a chuvarada começou - e não há qualquer sinal de que ela vá parar.
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Em São Borja, o rio Uruguai está com um nível de 11 metros, a média é 4 metros. O comerciante Cezar da Silva, que neste sábado teve de remover de caminhão todos os móveis e freezers do seu Star Bar - ameaçado pelas águas - teme que se repita esta semana a maior enchente de que se lembra, a de 1983, quando as águas chegaram aos 20 metros e paralisaram o tráfego entre Brasil e Argentina, por terem inundado a Aduana.
- A cheia de 1998 (outra), com certeza, será igualada ou superada. Naquela o nível do rio chegou a 16 metros e agora não falta muito - lamenta o secretário da Defesa Civil Municipal de São Borja, Élcio Carvalho, que é major reservista da BM.
Élcio comanda uma equipe de 20 pessoas que, a bordo de quatro caminhões, percorre as vias ribeirinhas atrás de flagelados. Alguns deixam para trás animais de estimação. O número de 100 desabrigados e 60 desalojados ainda é pequeno, mas cresce a cada hora.
Parte deles está abrigada na sede da Associação Comunitária do bairro Porto do Angico. É o caso de Jupira da Luz Leão, 35 anos e grávida de sete meses. Será seu quinto filho. Os outros quatro estão com ela, dividindo um colchão.
- A gente mora perto do rio, já é a terceira vez que alaga tudo - comenta.
Outra das flageladas, a estudante Paula Ribas, 14 anos, conseguiu salvar o que considera mais precioso: a coelha Byoncé. As duas estão juntas no abrigo.