
Já são 11.501 pessoas que tiveram de deixar suas casas por causa das cheias que castigam o Rio Grande do Sul desde a semana passada. A Defesa Civil estadual, que monitora a situação, atualizou o balanço para 2.615 desabrigados e 8.886 desalojados no início da noite deste domingo.
São 62 municípios afetados, e os que concentram os maiores números de moradores fora de suas casas são Santa Cruz do Sul, Porto Xavier, Iraí, São Borja e Porto Mauá.
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A chuva teve início na segunda-feira, mas foi na quinta que ganhou proporções maiores, sobretudo nas regiões Norte e Noroeste. O resultado foi casas encobertas por águas de rios, ruas submersas, acessos a localidades bloqueados e pontes interrompidas. Na Fronteira, o problema chegou mais tarde. Na sexta-feira, a Defesa Civil de São Borja intensificou o trabalho para convencer quem mora à beira do Rio Uruguai a deixar as casas.
Em Frederico Westphalen, foi montada a Central de Comando da Defesa Civil, que concentra o auxilio às cidades atingidas pelas chuvas nas regiões Alto Uruguai, Norte, Celeiro, Noroeste, Fronteira Noroeste e Missões. Para lá, também foram deslocados militares do Exército, que auxiliam na distribuição de alimentos e água em diferentes municípios.
A instabilidade do tempo da última semana deve deixar o Estado a partir de terça-feira. O Norte, por exemplo, já apresentou melhora considerável das condições climáticas. O motivo é o deslocamento de uma frente fria do continente em direção ao mar. Acompanhada de um ciclone, a frente fria deve causar chuva na segunda-feira. A precipitação, no entanto, deverá ter volume inferior ao que vem sendo registrado.
No mapa, veja as cidades afetadas pela chuva no Estado e a quantidade de moradores fora de casa:
Iraí tem dia de avaliar prejuízos
Iraí teve um domingo de avaliação dos prejuízos e limpeza de locais afetados. Boa parte do que estava sob uma água marrom vinda dos rios do Mel e Uruguai amanheceu tomada pela lama. Moradores começaram a retornar às residências munidos de vassouras, baldes e mangueiras na cidade do norte gaúcho, onde choveu o dobro da meia da média mensal em menos de uma semana. Atualmente, são 400 desabrigados e 900 desalojados no município.
Depois de ver a construção de alvenaria e madeira onde mora há duas décadas coberta pela enxurrada no sábado, Gilson Cezar de Almeida, 42 anos, começou o domingo fazendo faxina no número 332 da Rua Torres Gonçalves. Nas paredes do segundo andar, era visível a marca que atingiu a água, 1,80m acima do assoalho.
- A gente está fazendo uma limpeza, mas vai esperar mais uns dois dias até secar. Também tem que ver se vai firmar o tempo. Não confio mais em previsão - conta o sargento da Brigada Militar.
Foto: Ronaldo Bernardi, Agência RBS
A situação de Almeida era vivenciada por vários outros habitantes à tarde, quando o nível dos rios havia baixado aproximadamente seis metros. Em ruas que antes pareciam grandes lagos, por onde só passavam barcos, carros e pedestres voltaram a transitar.

- Não estou nem com vontade de entrar em casa. O barro chegou no forro. Perdi dois carros, móveis. Nem terminei a construção da minha casa, que é financiada - conta o recepcionista Oralino Chequin, 42 anos, que mora com outras cinco pessoas da família.
Vídeo mostra drama das famílias atingidas no município:
O desgaste causado por enxurradas ao longo dos anos, somado à gravidade desta última, faz iraienses cogitarem a mudança de endereço. É o caso Idalino Nardi, 48 anos. Na quinta-feira, ele viu a construção de madeira onde mora com a mulher e os filhos ser invadida pela água, forçando-o a levar parte de seus pertences a um vizinho, que foi afetado em seguida.
- Tem um pouco de mudança em cada casa. A gente está meio acampado para fugir da enchente - lamenta.
Nardi trabalha em Chapecó (SC), e é para lá que ele pensa ir, após duas décadas no mesmo lugar.
- Para cá, acho que não volto mais - disse de dentro de um barco, no sábado, quando a cheia estava na altura de sua janela.
O principal desafio do Executivo é fazer com que as pessoas voltem às suas casas, após o rescaldo da segunda maior enxurrada da história do município, que completa 81 anos na terça-feira. Com decreto de estado de calamidade pública desde sexta-feira, Iraí conforta-se por não ter registrado nenhuma morte e ter recebido ajuda de diversos cantos do Estado.
Foto: Ronaldo Bernardi, Agência RBS

- Estão sendo feitos levantamentos, e estamos construindo uma agenda com o governo do Estado e o governo federal - afirma o prefeito Volmir Bielski, referindo-se a medidas como o aluguel social.
Veja mais fotos da chuva no Estado: