As variáveis do Índice de Desenvolvimento Estadual-RS (iRS) mostram que a área de ensino é a em que o Rio Grande do Sul mais precisa evoluir para melhorar seu desempenho.
No indicador, os gaúchos estão em quarto lugar geral no país, mas abaixo em aspectos como desempenho na Prova Brasil e diferença entre idade ideal e a efetiva em diferentes níveis na escola. Entre os pontos esmiuçados, a melhor posição do Rio Grande do Sul é na mortalidade infantil, com a segunda melhor taxa no país.
Confira os resultados da pesquisa
- Se olharmos todas as variáveis, a prioridade seria educação. Apesar de termos alguns problemas na agricultura vinculados ao clima, ainda há pujança e somos um Estado inovador. Mas se melhorarmos a educação, vai se refletir na produtividade das pessoas, que passarão a ganhar mais. E em uma sociedade educada também há menos violência - avalia Ely José de Mattos, coordenador do trabalho e professor da Face-PUCRS.
Defensor da inclusão de dados qualitativos em índices do gênero, como a percepção da população sobre os serviços públicos, o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Flavio Comim, ex-coordenador dos relatórios de desenvolvimento humano brasileiro em 2009 e 2010, entende que o iRS pode até ser considerado conservador por usar indicadores semelhantes aos do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) em estudo sobre municípios.
- A principal inovação do iRS é incluir a violência - sustenta.
Para Comim, caso a violência não fosse analisada, o Rio Grande do Sul poderia cair no ranking e aparecer em posição semelhante à que tem no IDH, no qual ocupa a sexta posição. Assim, avalia o especialista, devido às escolhas para a montagem do índice, o iRS teria sido "bonzinho" com o Estado.
Jonathas Goulart, especialista em desenvolvimento econômico do Sistema Firjan, explica que, como as variáveis analisadas pelo estudo da instituição eram somente responsabilidade das prefeituras, a entidade optou por não fazer mais o ranking estadual com dados municipais. Mesmo assim, há relação direta entre a situação das cidades e a realidade estadual. Com a exclusão do Distrito Federal, o Rio Grande do Sul aparece em quarto entre os Estados com o maior percentual de cidades com grau de desenvolvimento considerado alto ou moderado.
Como está o RS nas oito variáveis avaliadas no iRS
Padrão de vida: 5º
Média salarial: 9º
Apesar de o Rio Grande do Sul não estar nas primeiras posições, o resultado é considerado razoável porque os números das principais unidades da federação são muito próximos. Para avançar, a principal recomendação é elevar a produtividade dos trabalhadores.
Ocupação da população economicamente ativa: 6º
Reflete o percentual da população com idade entre 15 e 64 anos com carteira assinada. No Estado, a taxa é de 38%. O sexto lugar não é considerado preocupante porque não estão incluídos no indicador os minifúndios com trabalho familiar e os negócios próprios, bastante comuns entre os gaúchos.
Coeficiente de variação de distribuição de renda: 9º
Embora fora dos primeiros lugares, a posição não preocupa. O coeficiente vai de 1 (indica menor desigualdade) a 2, e o do Rio Grande do Sul é 1,25. Além de estar muito semelhante aos principais Estados, unidades da federação mais pobres podem ser menos desiguais.
Longevidade e segurança: 2º
Homicídios : 4º
Foram 21,3 homicídios para 100 mil pessoas em 2012. A posição é relativamente boa em relação aos demais Estados, mas ainda distante de taxas de países desenvolvidos. Para a ONU, 10 homicídios a cada 100 mil habitantes é ocorrência endêmica.
Mortes no trânsito: 6º
A taxa gaúcha teve pequena queda de 2011 para 2012. São 19,4 mortes a cada 100 mil pessoas. É um problema relacionado a infraestrutura, qualidade das estradas, eficiência na fiscalização, educação e, particularmente, educação para o trânsito.
Mortalidade infantil: 2º
No RS, foram 10,8 mortes a cada mil nascidos vivos em 2012. É o indicador em que o Estado tem a melhor posição entre os avaliados no iRS. É um ponto em que os gaúchos estão melhorando com velocidade. Em 2005, a taxa era de 13,7.
Educação: 8º
Nota da 4ª série na Prova Brasil: 10º
Com uma nota de 5,61, é o pior resultado do Estado e no qual há maior necessidade de avançar. Para subir nesse indicador, a receita é melhorar a estrutura das escolas, e a qualidade do ensino, com conteúdos modernos e incentivo ao aprendizado.
Taxa de distorção idade-série no Ensino Médio: 9º
Indica quantos alunos estão atrasados em relação à idade ideal para cursar cada série. É o resultado das reprovações ao longo da vida escolar. No Estado, a taxa é 29,6%. Avanços estão relacionados à possibilidade de manter as crianças apenas na escola, sem precisar trabalhar.