
Onde quer que um crime seja cometido, há sempre algum tipo de rastro. Pode ser um flagra de uma câmera de segurança, uma impressão digital ou uma molécula de DNA.
Nas duas primeiras hipóteses, a Polícia Federal (PF) gaúcha tinha as ferramentas necessárias para a investigação. Na última, contudo, até a inauguração do laboratório de genética forense na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), era preciso enviar o material para Brasília - todo o processo poderia chegar a três meses. Agora, com a parceria entre a polícia e a universidade, levará cerca de uma semana.
Entenda como uma impressão digital se transforma em prova de crime
Com investimentos em equipamentos que somam R$ 1,2 milhão, é o primeiro do gênero fora da capital federal. De acordo com o farmacêutico Eduardo Ávila, responsável pelo grupo de peritos em genética forense da PF gaúcha, o espaço vai funcionar como um centro regional para atender às demandas do Sul - Santa Catarina e Paraná vão despachar as amostras para Porto Alegre em vez de Brasília.
Mas o novo processo tem limitações técnicas: é capaz de identificar o material genético de uma pessoa, mas não diz nada - exceto o sexo - sobre as características físicas de quem cometeu o crime. No Estado, os crimes mais comuns investigados pela PF são de furtos e roubos contra o patrimônio federal.
A grande colaboração é o que o perito Ávila chama de confronto genético. Isto é, quando um comete um roubo e, no momento, bebe um café ou fuma um cigarro na cena, ela já deixou um rastro molecular. Se a perícia encontra a "pista" pela saliva deixada no copo ou no cigarro é possível retirar células do indivíduo que cometeu o crime. Como cada célula do corpo humano contém DNA, que é como se fosse o RG genético de cada indivíduo, torna-se possível colocar o suspeito na cena do crime.
- É a mesma ideia da impressão digital - diz o perito forense.
A diferença é que, para o criminoso, é muito mais difícil de apagar os rastros.
Para o futuro, a ideia é que seja criado um banco de dados com os perfis genéticos de criminosos reincidentes. No momento, existe um pequeno arquivo de pessoas desaparecidas. O trabalho é lento, pois é preciso que familiares das vítimas entrem em contato com a polícia.
Até o momento, seis peritos trabalham no centro forense. 19 casos foram analisados e um laudo foi produzido.
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