
O presidente russo Vladimir Putin deu a entender nesta quarta-feira que estaria disposto a conversar com o novo presidente ucraniano Petro Poroshenko na França, ao longo das cerimônias de sexta-feira por ocasião do 70º aniversário do Desembarque dos Aliados no dia 6 de junho de 1944 na Normandia. Poroshenko estará nas cerimônias, onde pretende discutir seu plano de paz para Ucrânia com os chefes de Estado.
- Não pretendo evitar ninguém - declarou Putin, entrevistado pela rádio Europe 1 e a cadeia privada TF1 sobre a possibilidade de se encontrar e conversar com Poroshenko.
- O governo ucraniano deve abrir um diálogo com o seu povo: isto não deve ser feito com tanques e aviões, mas através da negociação. Eu acredito que o Sr. Poroshenko tem uma oportunidade única: ele ainda não tem sangue em suas mãos, e pode suspender a operação punitiva e iniciar um diálogo direto com os cidadãos do leste e do sul do país - afirmou.
Acusado recentemente por Washington de deixar passar "combatentes" e "armas" no leste da Ucrânia, região mergulhada em uma insurreição armada pró-Rússia, Putin lançou:
- Provas? Que mostrem!
Ele também negou toda tentativa "de impor um nacionalismo russo ou de reviver o Império" russo.
- Temos visto, todo mundo viu, a forma como o secretário de Estado americano (Colin Powell) apresentou evidências da presença de armas de destruição em massa no Iraque - ironizou o chefe de Estado russo, referindo-se às acusações infundadas utilizadas em 2003 pelos Estados Unidos para justificar a intervenção militar contra Saddam Hussein.
- Afirmar é uma coisa. Ter provas, é outra. E eu repito: não há força russa, nenhum instrutor russo no sudeste da Ucrânia. Não houve nem há - disse Putin, enquanto os guardas de fronteira da Ucrânia informam regularmente a incursões de veículos de transporte de armas da Rússia.
Questionado sobre sua relação com Barack Obama, com quem trava o maior impasse entre os Estados Unidos e a Rússia desde o colapso da União Soviética, Putin tentou acalmar os ânimos, a dois dias da cerimônia do 70º aniversário do Desembarque dos Aliados na Normandia (França).
- Eu espero que não entremos em uma nova fase da 'Guerra Fria' - disse Putin, alegando não ter "razões para acreditar que o presidente Obama não quer falar com o presidente russo".
- Não é segredo que a política mais forte, mais agressiva, é a política dos Estados Unidos. Nós quase não temos forças militares no exterior e vejam: por todos os cantos do mundo há bases militares dos Estados Unidos, tropas americanas a milhares de quilômetros de suas fronteiras. Eles tomam parte nos assuntos internos de qualquer país, portanto, é difícil nos acusar de violação", declarou.
Presidente ucraniano apresentará plano de paz no sábado
O presidente ucraniano Petro Poroshenko declarou nesta quarta-feira em Varsóvia que apresentará, neste sábado, o seu plano de paz para resolver a crise entre a Ucrânia e a Rússia. Poroshenko, que faz sua primeira viagem ao exterior desde a sua eleição em 25 de maio, se reuniu com vários chefes de Estado, incluindo o presidente americano Barack Obama.
- Em 7 de junho, será o meu plano, minha proposta de estabelecer a ordem e a paz - declarou em resposta a um jornalista que perguntou se ele pretendia introduzir a lei marcial no leste da Ucrânia, mergulhada em uma insurreição pró-Rússia.
O plano inclui a descentralização do poder, uma anistia e "a criação de condições para a realização de eleições locais antecipadas", informou.
Poroshenko se reunirá nos próximos dias com a chanceler alemã Angela Merkel e não descarta uma reunião com o presidente russo, Vladimir Putin.