O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, admitiu pela primeira vez nesta quarta-feira que pretende rever o acordo que o Brasil fez com Cuba no Programa Mais Médicos caso seja eleito. Em sabatina realizada pelo UOL e jornal Folha de São Paulo na capital paulista, ele criticou a gestão do PT, principalmente a da adversária Dilma Rousseff, dizendo que o governo brasileiro financia o governo cubano por meio do Mais Médicos.
- Vamos financiar os médicos cubanos, e não o governo cubano - afirmou.
Apesar do argumento, ele reconheceu a importância do programa, ressalvando que, além do problema dos salários dos funcionários cubanos, é preciso avançar mais no setor da saúde. Questionado se o governo cubano toparia a renegociação, ele afirmou que é Cuba quem deveria se enquadrar às regras impostas pelo Brasil.
Ele classificou de "absurdo" os médicos cubanos receberem cerca de 20% do que o governo brasileiro repassa para o governo cubano.
- Os médicos estrangeiros são bem-vindos em nosso país, mas é preciso que os médicos cubanos recebam a mesma remuneração dos outros profissionais - disse, evitando responder como arcaria com os possíveis gastos extras dessa medida.
Resposta a Campos
Aécio foi indagado sobre a declaração do presidenciável do PSB, Eduardo Campos, sobre os tucanos estarem nesta campanha com a ala conservadora do país, em uma referência ao apoio do PMDB, e que Aécio representa a "mudança conservadora".
- Eu não vou brigar com o Eduardo - respondeu, acrescentando que eles são amigos há muito tempo.
Aécio citou que chegou a receber a equipe de governo de Campos, quando estava no comando de Minas Gerais, para troca de experiências. E disse que ele é um candidato competitivo e que vem fazendo a campanha de forma adequada, mas rebateu os conceitos de direita e esquerda, alegando que hoje eles são muito abstratos. Ele aproveitou para devolver a crítica de Campos, dizendo que o PSB apoia os dois principais governadores do partido (em São Paulo o PSB de Campos integra a chapa do tucano Geraldo Alckmin como vice e no Paraná apoia o tucano Beto Richa).
- Vamos pegar um governo (PT) que propiciou os maiores lucros da história ao sistema financeiro e vamos pegar outro governo (PSDB) que colocou 97% das crianças na escola. Me diz qual é de esquerda e qual é de direita . Provavelmente, a maioria vai dizer que o governo do presidente Fernando Henrique seria de esquerda e o do PT e Lula e Dilma seria de direita. O que eu quero é um governo efetivo e eficiente.
Medidas amargas
O tucano disse que o governo do PT, seu maior adversário nesta corrida eleitoral, é o responsável pela adoção das chamadas "medidas amargas". Ele acusou o PT ao ser questionado sobre a afirmação que teria feito sobre a necessidade de se adotar tais medidas no ano que vem.
- Não há medidas impopulares, isso está virando lenda, são medidas necessárias que terão de ser tomadas. As medidas impopulares estão sendo tomadas pelo atual governo - disse.
- Não tenham dúvidas de que vou tomar as medidas necessárias para colocar nosso país no caminho do crescimento. O reajuste real do salário mínimo este ano será de 1% apenas, é este cenário que nos trouxe o atual governo - acrescentou.
Aécio disse que faltou ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fazer as reformas necessárias quando estava no poder. E afirmou que essa é a maior razão para que mais de 70% da população preguem mudanças. O tucano também disse que o Brasil é um país de obras inacabadas.
Aécio ainda prometeu, caso eleito, manter o Programa Bolsa Família e chamou de terrorismo eleitoral os que dizem que o PSDB poderá acabar com ele.
- O que vou fazer é tirar este programa da agenda eleitoral e aprimorá-lo. Os programas que estão dando certo, não terei problema em aprimorá-los e continuá-los.
