
Uma área com 10 hectares (equivalente a 10 quarteirões) na zona sul de Porto Alegre e pertencente a uma construtora está sendo gradualmente ocupada. A invasão começou semana passada e ganhou força no domingo. Conforme os invasores, mais de 400 pessoas cortaram a cerca e entraram no terreno onde ficava a antiga Avipal. A perspectiva é de que esse número aumente, já que não param de chegar famílias no local.
Situado na esquina das avenidas Cavalhada e João Salomoni, no bairro Cavalhada, o terreno está próximo a condomínios. As famílias demarcaram lotes do tamanho para a construção de uma casa.
Muita gente chegou em carros antigos e até de caminhão. A maioria vem de bairros próximos. A vendedora ambulante Catarina, que não revela o sobrenome, é uma das que entrou no terreno. Montou uma barraca de plástico preto e, dentro, armou uma cama e um fogo de chão. Acampa ali com o marido.
- Moro no Belém Velho. Somos 11 numa casa pequena. Vim para cá para conseguir um terreninho para os filhos - justifica ela.
O operário da construção civil Adriano, morador do bairro Nonoai, ingressou com outros cinco familiares. A ideia é pegar área para toda a família, já que mora de aluguel. Ele trouxe uma roçadeira, facões e, com esses instrumentos, corta o mato para construir uma casa de madeira. A maioria dos invasores vêm dos bairros Nonoai, Ipanema, Serraria, Lami, Belém Novo e Belém Velho. Garantem que não são ligados a partido político e nem a movimentos organizados de sem-teto.
A área da antiga Avipal pertence agora à construtora Melnick Even. Marcos Colvero, diretor de incorporações da empresa, diz que tomou conhecimento da invasão na área na segunda-feira. Deve entrar na Justiça com pedido de reintegração de posse. A incorporadora tem planos de construir, no local, um centro comercial, prédios e casas. O projeto ainda não está detalhado porque depende de definições da prefeitura de Porto Alegre.
- Nosso pessoal de manutenção e monitoramento tentou acessar área segunda-feira e foi impedido de forma hostil - relatou Colvero.
Como os funcionários são orientados a evitar confrontos, não ocorreu um incidente mais grave, segundo o diretor da Melnick. A empresa optou por nem tentar negociar porque a invasão teria ocorrido "completamente na contramão da lei", na avaliação de Colvero.