
A morte de pelo menos 30 cães e quatro gatos tem intrigado a comunidade de Estância Velha, no Vale do Sinos. Há 15 dias, moradores de quatro bairros, em especial o Bela Vista e o Lago Azul, convivem com a rotina de terem seus animais de estimação envenenados. O caso foi parar na polícia, mas ainda não há suspeitos de quem esteja cometendo a matança.
Morador da Rua Áustria, no Lago Azul, Marcus Osório, 32 anos, está revoltado com a crueldade que tirou de sua família o vira-lata Spike. No último domingo, o cachorro de dois anos e meio foi encontrado morto no pátio de casa.
- Eu não posso acreditar que alguém tenha a coragem de fazer isso com tantos bichinhos. Não interessa se eles têm casa ou se moram na rua - desabafa.
O Lago Azul é o bairro onde há o maior número de casos de animais mortos. Pelo menos, 11 cães de rua e 15 domésticos foram envenenados. Só na Rua Portão foram oito mortes. Segundo a vice-presidente da ONG Bichinho Carente, Susane Dias, há registros de casos isolados desde junho, mas a situação teria ficado fora de controle nas duas últimas semanas quando uma moradora chegou a encontrar sete cães agonizando no bairro.
Susane afirma que a ONG pretende levar o caso ao Ministério Público, no entanto, enfrenta dificuldades pelo baixo número de ocorrências sobre as mortes - dos 34 casos, apenas oito foram levados à polícia. A entidade também aguarda o laudo da necropsia de alguns dos animais para confirmar qual a substância tóxica que tem sido usada.
- A gente pede que todo mundo que teve um bichinho morto, seja ele comunitário (como são chamados os animais de rua) ou aqueles que tinham família façam ocorrência na polícia. Só assim teremos como fazer algo. Essas mortes não podem passar em branco - reforça Susane.
De acordo com delegado Luiz Fernando Nunes da Silva, que investiga o caso, a Polícia Civil ainda tem pouco com o que trabalhar, devido ao número limitado de ocorrências. Silva ressalta a importância do registro policial e pede que os donos se dirijam à delegacia.
A morte por envenenamento é considerada crime, segundo o artigo 32 da Lei Ambiental. O autor pode pegar de três meses a um ano de detenção, além de pagar multa.