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Embate na saúde

Quantidade de leitos do SUS se estabilizou desde 2005 no Rio Grande do Sul

Já a consistência de dados entre 1993 e 2003, que teriam incluído vagas inexistentes ou contadas duas vezes, resulta em interpretações distintas

Marcelo Monteiro

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Ronald Mendes / Agencia RBS
Para Simers e Cremers, falta de estrutura resulta em hospitais superlotados

Uma campanha recém-lançada pelo Sindicato Médico do Estado (Simers) suscitou debate sobre a gestão da saúde. Nos últimos 20 anos, segundo a entidade, o SUS teria perdido 11 mil vagas no Rio Grande do Sul. O número total de leitos é baseado em dados do Ministério da Saúde e inclui os complementares - de UTI, de isolamento e cuidados intermediários. O problema é que, segundo a assessoria de imprensa do ministério, os dados anteriores a 2004 computam leitos que sequer existiam ou que eram contabilizados duas vezes.

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Embora sem grande discrepância, os dados referentes ao período de 2005 a 2014 fornecidos a ZH pelo ministério, pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) e pelo Simers também divergem.

A SES destaca que o número de leitos do SUS cresceu nos últimos três anos, mas a secretária Sandra Fagundes admite que, entre 1993 e 2003, havia leitos só no papel no Estado. Presidente do Simers, Paulo de Argollo Mendes diz que o fato de os números anteriores a 2003 não serem considerados pelo ministério é parte de uma "maquiagem pré-eleitoral".

- O ministério divulgou isso durante 20 anos e, neste período, eram informações corretas. Nunca ninguém disse que não eram. Agora, vem essa maquiagem. O ministério tenta se desdizer. Como vamos acreditar se mesmo diz que a versão anterior era equivocada? - questiona.

Índice do RS é o melhor do país, diz secretaria

Argollo observa que, para um atendimento satisfatório, seria necessário "dobrar o número de leitos". O presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremers), Fernando Weber Matos, diz haver déficit de 10 a 12 mil leitos no Rio Grande do Sul:

- Por isso, estamos com hospitais superlotados e pacientes nos corredores esperando tratamento.

A SES rebate. Nesta terça-feira, divulgou, a partir de dados do Ministério da Saúde, que o Estado tem índice de 2,82 leitos de internação para cada mil pessoas, o que o coloca em primeiro lugar no ranking nacional. O número atende aos parâmetros do órgão federal, apesar de ficar abaixo do limite da Organização Mundial da Saúde (OMS), de três a cinco leitos por mil habitantes. A projeção da secretaria é de que, em um ano e meio, cerca de mil novos leitos sejam incorporados ao SUS, incluindo ampliações de unidades já existentes e a construção de novos hospitais em Gravataí e Alegrete.

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Os dois lados têm razão, avalia especialista

Pesquisadora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Lígia Bahia avalia que Estado e Simers têm razão no debate sobre os leitos:

- Houve queda porque muitos leitos psiquiátricos e pediátricos foram fechados devido à mudança no modo de atender a determinados problemas de saúde.

Conforme o Conselho Federal de Medicina (CFM), entre janeiro de 2010 e julho de 2013, quase 13 mil leitos do SUS foram desativados no país. Nove Estados tiveram balanço positivo, entre os quais o RS, que, segundo o estudo, teve incremento de 351 vagas.

- A população foi envelhecendo, e isso exige leitos mais complexos. Em 1993, tínhamos 1.059 leitos de UTI. Hoje, são 2.031. Houve uma adequação no perfil - destaca a secretária estadual de Saúde, Sandra Fagundes.

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