A ideia era simples: já que quase nenhuma parada de ônibus em Porto Alegre fornece a mais básica das informações - que coletivos passam ali -, os usuários poderiam fazer isso. Bastava escrever o número da linha em um adesivo em branco, financiado coletivamente, pela própria população.
De baixo custo e eficaz, a iniciativa do coletivo Shoot the Shit foi para as ruas em 2012 e, na semana passada, foi escolhida como a campeã entre 127 projetos que disputaram o concurso cultural "Ideias que vão longe", do Social Good Brasil, programa global que apoia projetos que usem a tecnologia para melhorar o mundo. Nos últimos dois anos, a ideia fez com que mais de 20 mil adesivos fossem espalhados em cerca de 30 cidades brasileiras.
Só que, na capital gaúcha, a proposta não vingou - e as paradas seguem tão vazias de informação quanto antes.
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O diretor da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Vanderlei Cappelari, reconhece que "é preciso evoluir na informação in loco". E, como uma solução definitiva deve vir somente daqui um ano, quando surgirem os primeiros reflexos da nova licitação do transporte público em Porto Alegre, o "Que Ônibus Passa Aqui?" pode ser reconsiderado provisoriamente.
- Não adiantaria persistirmos com o projeto na época sem outras medidas complementares. Após punições mais rígidas contra a depredação do mobiliário urbano e a contratação de uma empresa especializada em limpeza de pontos e terminais de ônibus, conseguimos manter os pontos razoavelmente limpos por até 90 dias. Agora existe a probabilidade de os adesivos durarem mais tempo - considera Cappellari.
Criticado, depois adotado e, por fim, abandonado...
Logo que os publicitários do Shoot the Shit colocaram o projeto nas ruas da Capital, em 2012, com cerca de 50 adesivos, a prefeitura reagiu de forma crítica: a colagem poderia ser submetida à mesma legislação que enquadra pichadores.
Meses depois, a EPTC voltou atrás e implementou adesivos oficiais em paradas das avenidas Erico Verissimo e Cristóvão Colombo. Logo desistiu da ideia - conforme o órgão, por causa do vandalismo. Menos de quarenta adesivos foram colados, e só oito ficaram intactos.
Para Gabriel Gomes, que com a premiação ganhou uma viagem à Nova York, o fracasso do projeto na Capital deve-se à falta de persistência: