A identificação dos fragmentos das vítimas de um acidente não depende apenas de um exame, mas de um processo, que inclui vários exames. No caso da queda do avião que matou o presidenciável Eduardo Campos (PSB) e outras seis pessoas, o trabalho de identificação é facilitado pelo fato de não ter havido carbonização. A dificuldade é que os corpos foram fragmentados em pedaços.
ZH consultou peritos - entre eles, o médico legista Antonio Rosis, aposentado do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo. Ele trabalhou na identificação das vítimas do voo 3054 da TAM, que, em 2007, matou 187 pessoas. A reportagem também conversou com Eliana Sarres Pessoa, médica perita criminal, que trabalhou no Departamento de Criminalística do Rio Grande do Sul e hoje está aposentada. De maneira geral, eles falaram sobre os passos que seus colegas estão seguindo para reconhecer as vítimas do acidente de quarta-feira.
Leia todas as notícias sobre a morte de Eduardo Campos
Eduardo Campos não pôde ser reconhecido pela arcada dentária
Os cinco possíveis cenários da eleição sem Eduardo Campos
Primeira etapa: juntar partes semelhantes
1. O passo inicial é municiar os peritos com informações sobre as vítimas: fotos, fichas médica e dentária, descrição das roupas que usavam e de sinais na pele (cicatriz de cirurgia e tatuagens, por exemplo).
2. Com essas informações em mãos, os peritos começam a procurar, entre os fragmentos, pistas que levem à identificação dos passageiros. Para cada vítima, é aberto um envelope, onde são colocados os fragmentos semelhantes.
3. Os fragmentos que não foram identificados visualmente são colocados à parte.
Segunda etapa: confirmar identificação
1. A primeira confirmação é feita com base nas informações recebidas pelos peritos. Por exemplo: as próteses (ortópedicas e dentárias) têm um número que facilita a identificação do seu usuário.
2. Um outro meio da identificação é a impressão digital, retirada dos dedos das vítimas. A arcada dentária também ajuda, mas, no caso do acidente com Campos, os corpos foram muito fragmentados e, dificilmente, serão encontradas arcadas que possam ser utilizadas para identificação.
3. O exame de DNA. Ele é feito em cada um dos fragmentos encontrados - incluindo aqueles que ficaram sem identificação visual.
