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Após a morte do candidato Eduardo Campos (PSB), o Jornal Nacional deu sequência nesta segunda-feira à série de sabatinas com os principais candidatos à Presidência da República, com a atual presidente Dilma Rousseff (PT) como entrevistada. William Bonner e Patrícia Poeta entrevistaram a candidata no Palácio da Alvorada, em Brasília.
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Bonner deu início às perguntas da noite questionando a presidente sobre os escândalos de corrupção que envolveram o seu governo. O apresentador relembrou as denúncias do crime nos ministérios da Agricultura, Cidades, Esportes, Saúde, Transportes, Turismo, Trabalho e na Petrobras, objeto de duas Comissões Parlamentares de Inquérito. Em seguida, perguntou qual a dificuldade da candidata em se cercar de pessoas honestas, que evitem os repetidos casos de corrupção, e se o PT não descuida da ética.
- Nós fomos o governo que mais estruturou os mecanismo de combate à corrupção. A Polícia Federal ganhou imensa autonomia para investigar e prender. Nós tivemos ainda uma relação respeitosa com o Ministério Público. Nenhum procurador foi chamado de "engavetador-geral da República", porque escolhemos com isenção. Criamos a Controladoria-Geral da União (CGU), que se transformou em um órgão forte, que investigou muitos casos. Criamos ainda a Lei de Acesso à Informação e o Portal da Transparência.
O apresentador insistiu no tema:
- Após os escândalos, a senhora providenciou o afastamento de ministros, mas em alguns casos trocou por alguém do mesmo partido ou do mesmo grupo político. Não foi trocar seis por meia dúzia?
Dilma respondeu que os nomes para os ministérios foram de pessoas que escolheu e em quem confia.
- Os partidos podem fazer exigências, mas só aceito nomes quando considero que são pessoas íntegras, competentes e com tradição na área.
Bonner seguiu afirmando que no PT há um grupo de elite que foi condenado por corrupção, no escândalo do Mensalão, e que o partido os tratou como vítimas de injustiça. Perguntou então à candidata se isso não era ser condescendente com a corrupção.
Dilma respondeu que, por ser presidente, não faz nenhuma observação aos julgamentos do Supremo Tribunal Federal (STF).
Com a palavra, a apresentadora Patrícia Poeta questionou à candidata por que, em mais de uma década de governo petista, a saúde ainda é apontada nas pesquisas como uma das principais preocupações dos brasileiros.
- Nós ainda temos muitos problemas na saúde, mas enfrentamos um dos grandes problemas, que era ter médico. Pesquisas sempre mostraram que as pessoas reclamavam da falta de médicos nos postos de saúde, e investimos na atenção básica, onde cerca de 80% dos problemas de saúde são resolvidos. Precisávamos de 14 mil médicos, e chamamos primeiramente os brasileiros. Depois, os formados no exterior e os cubanos, e conseguimos 14.462 médicos, o que pelos dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) correspondem a uma capacidade de atendimento a 50 milhões de brasileiros - respondeu a presidente.
Em seguida, Patrícia perguntou se a presidente diria aos telespectadores que aguardam horas nas filas dos hospitais brasileiros se a saúde era minimamente razoável?
- Não, porque ainda precisamos tratar das especialidades. Assim como enfrentamos o problema da saúde básica, temos condição de resolver o problema dos especialistas, para agilizar as consultas.
Bonner deu sequência às perguntas falando sobre economia:
- A inflação hoje está no teto, em 6,5%, e a economia encolheu, com previsão de crescimento baixíssimo. Mas quando a senhora é confrontada com esses números ruins, diz que são resultados da crise internacional. O governo não tem responsabilidades com esses números?
A presidente respondeu que enfrentou uma crise sem demissões e com tributos reduzidos, o que seria o ponto positivo do governo.
O próximo candidato a ser entrevistado pelo jornal é o Pastor Everaldo (PSC). As duas entrevistas, que deveriam ter acontecido na semana passada, foram adiadas por conta do acidente aéreo que matou Eduardo Campos, segundo entrevistado pelo programa. A ordem das entrevistas foi definida por sorteio, com a presença de representantes dos partidos, e o critério de seleção para as sabatinas são candidatos com pontuação igual ou superior a 3% nas pesquisas Datafolha/ IBOPE mais recentes. O primeiro entrevistado foi o candidato Aécio Neves (PSDB).