Os jihadistas do Estado Islâmico (EI) anunciaram, nesta segunda-feira, a intenção de ampliar sua ofensiva nos territórios do norte do Iraque, controlados pelos curdos, que já sofreram vários reveses nos últimos dos dias.
- As brigadas do Estado Islâmico alcançaram o triângulo entre Turquia, Síria e Iraque. Que Deus permita a seus mujahedines libertar toda a região - afirmou o grupo em um comunicado.
O texto recorda as vitórias registradas durante o fim de semana contra os peshmergas, os combatentes armados curdos.
Este é o avanço mais importante desde que, em 9 de junho, os jihadistas lançaram uma ofensiva e conquistaram em poucos dias amplas zonas do norte do Iraque, incluindo a cidade de Mossul, capital da Província de Ninawa.
O EI retomou no domingo o controle da cidade iraquiana de Sinjar, no noroeste do país, de onde expulsaram quase 200 mil pessoas, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). A tomada da cidade - um dia depois da conquista do município de Zumar - de onde o EI expulsou as forças curdas após combates violentos representa o segundo revés em dois dias para os combatentes curdos ante os jihadistas, que proclamaram no fim de junho um "califado" - que significa uma unidade e liderança políticia no mundo islâmico - nos territórios sob seu controle na Síria e Iraque.
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A localidade de Sinjar, que está situada entre a fronteira com a Síria e a cidade iraquiana de Mossul, tinha 310 mil habitantes e também abrigava milhares de pessoas deslocadas pela ofensiva das últimas semanas dos insurgentes sunitas, liderados pelo EI, na região. Uma parte dos refugiados são turcomanos xiitas. A cidade também é o lar histórico dos yazidis, uma minoria de língua curda adepta de uma religião pré-islâmica, procedente em parte do zoroastrismo. Os jihadistas os consideram "adoradores do diabo".
De acordo com a União Patriótica do Curdistão (UPK), os jihadistas sunitas destruíram o santuário xiita de Sayeda Zeinab, pouco depois de assumir o controle de Sinjar. O EI, que controla amplos territórios no norte e oeste do Iraque, divulgou na internet fotografias de seus combatentes patrulhando a principal avenida de Sinjar.
Os insurgentes assumiram o controle ao mesmo tempo de dois campos de petróleo, com produção total de 20 mil barris diários, assim como de uma pequena central de energia elétrica.
Zumar e Sinjar integravam as áreas que os peshmerga assumiram o controle após a retirada do exército iraquiano, no início da ofensiva dos insurgentes sunitas em junho. As forças curdas, consideradas as mais bem organizadas do país, também enfrentam as dificuldades financeiras e militares para garantir a segurança de um território 40% mais amplo.
Uma delegação curda está atualmente nos Estados Unidos para obter apoio militar, mas a ajuda precisa, em tese, da aprovação de Bagdá, onde as instituições estão quase paralisadas. Os deputados xiitas têm até 8 de agosto para designar o candidato ao cargo de primeiro-ministro.
Iraque fará ataques aéreos para ajudar os curdos
O primeiro-ministro do Iraque, Nuri al Maliki, ordenou nesta segunda-feira que a aviação iraquiana ajude as forças curdas, os peshmergas, em sua luta no norte do país contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI), segundo infornou um porta-voz do exército, Qasem Ata.
- O comandante-em-chefe das forças armadas deu ordens aos chefes da força aérea e das unidades de aviação para proporcionar apoio aéreo às forças peshmerga - indicou, em um comunicado.
Espanha prende duas mulheres que pretendiam aderir à jihadistas
Duas mulheres, uma delas menor de idade, foram detidas na Espanha quando pretendiam contactar uma rede que supostamente as enviaria para combater com os jihadistas do Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL), anunciou o ministério do Interior. Um comunicado cita a primeira detenção no país europeu de mulheres que estavam dispostas a "integrar-se plenamente em células terroristas do autodenominado Estado Islâmico".
As duas jovens, uma delas identificada como Fauzia Allal Mohamed, de 19 anos, foram detidas na fronteira entre Marrocos e o território espanhol de Melilla, no norte da África.
- Ambas pretendiam atravessar a fronteira para Marrocos com o objetivo de contactar a rede que as transportaria de forma iminente a uma zona de conflito entre Síria e Iraque. (...) A intenção era integrar-se a alguma das células da organização terrorista do autodenominado Estado Islâmico, liderada por Abu Bakr al-Baghdadi - cita o comunicado do ministério.
Os jihadistas do EIIL anunciaram no fim de junho a criação de um "califado islâmico" nas regiões conquistadas pela organização no Iraque e na Síria. Em uma gravação de áudio divulgada na internet, o EIIL, que desde então virou apenas "Estado Islâmico", designou seu líder Abu Bakr al-Baghdadi "califa" e, portanto, "líder dos muçulmanos" em todo o mundo.