A presidente da organização humanitária Avós da Praça de Maio, Estela Carlotto, encontrou nesta terça-feira seu neto, de 36 anos, que tinha sido roubado pela ditadura argentina (1976/83) logo depois do nascimento, enquanto sua mãe era mantida em poder dos militares.
Estela realizou uma coletiva de imprensa na sede da organização que preside. Cercada por amigos e familiares, a senhora de 83 anos falou sobre o capítulo final de uma busca que durou 37 anos.
- Não queria morrer sem abraçá-lo. Agora tenho meus 14 netos comigo. A cadeira vazia vai ser dele, os porta retratos vazios, que estavam esperando por ele, agora vão ter a sua imagem. Ele é bonito, é um artista, um bom homem - declarou Estela no evento realizado nesta terça-feira.
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A avó se referiu à sua filha, Laura Carlotto, assassinada em 1978, durante a ditadura militar no país.
- Laura deve estar sorrindo no céu - declarou Estela.
Kivo Carlotto, filho de Estela e tio do homem encontrado, também esteve presente no evento. Kivo também é secretário de Direitos Humanos da província de Buenos Aires.
- O resultado é positivo. Encontramos o meu sobrinho depois de 35 anos. Ele se apresentou voluntariamente, submeteu-se a um exame de DNA e deu 99,9% de compatibilidade. É uma emoção enorme - declarou.
A mãe deu o nome de Guido à criança, que depois seria roubada pela ditadura. Laura Carlotto foi sequestrada durante a gravidez. Ela foi assassinada no dia 26 de junho de 1978, pouco tempo depois de dar à luz, segundo o relato de uma companheira de cativeiro.
Desde então, Estela Carlotto procurava seu neto, certa de que ele estava vivo.
- É um choque terrível para ele. Mas ele se apresentou voluntariamente, e está tudo bem - acrescentou Kivo Carlotto, antes de a líder da organização humanitária se manifestar em uma entrevista coletiva à imprensa convocada para esta terça à tarde.
A organização Avós da Praça de Maio nasceu em outubro de 1977 como uma organização próxima das Mães da Praça de Maio, quando algumas mães de desaparecidos deram prioridade à busca por seus netos, sequestrados junto com seus pais ou bebês nascidos nos centros de tortura e extermínio, hoje adultos.
O neto de Carlotto é o 111° encontrado pelas Avós de cerca de 500 bebês e crianças que foram roubados por repressores ou por seus cúmplices durante a ditadura.
*com informações da AFP
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