Em texto publicado nesta terça-feira, Míriam Leitão revelou em detalhes como foi torturada ditadura militar (1964-1985). A jornalista contou que, quando estava grávida, foi deixada nua em uma sala com uma cobra. O relato foi publicada no site Observatório da Imprensa, em reportagem do jornalista Luiz Cláudio Cunha.
Opositora do regime, junto com o então companheiro, Marcelo Netto, que também foi torturado e sobreviveu, Míriam narrou momentos que passou em uma unidade do Exército em Vitória (ES).
Além de simulações de fuzilamento e ameaças de estupro, quando estava grávida do seu primeiro filho, a jornalista econômica foi torturada com cães pastores alemães e uma jiboia. Despida pelos militares, ela foi colocada em uma sala escura com a cobra. Segundo o texto, "casualmente" o réptil foi apelidado de "Míriam" pelo coronel Paulo Malhães, o "Dr. Pablo" do DOI-CODI.
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"Ainda agora, quando falo nisso, o tremor volta. Tinha medo da cobra que não via, mas que era minha única companhia naquela sala sinistra. A escuridão, o longo tempo de espera, ficar de pé sem recostar em nada, tudo aumentava o sofrimento. Meu corpo doía. Não sei quanto tempo durou esta agonia. Foram horas. Eu não tinha noção de dia ou noite na sala escurecida pelo plástico preto. E eu ali, sozinha, nua. Só eu e a cobra. Eu e o medo", contou a jornalista, no depoimento.
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