O estardalhaço em torno de uma reportagem da revista Veja sobre combinação de depoimentos na CPI da Petrobras desviou o foco de um escândalo revelado por outra publicação: o dos salários pagos pelo Serviço Social da Indústria (Sesi) a apadrinhados do PT que não aparecem para trabalhar.
Só quem nunca acompanhou uma CPI pode achar que é um grande escândalo os parlamentares da base governista combinarem perguntas com os depoentes. O treinamento é tão velho quanto a história das CPIs. Não só os aliados do governo investigado adiantam as perguntas que farão, como treinam o depoente fazendo os questionamentos que, se imagina, a oposição fará.
Já a reportagem de Murilo Ramos, na Época, é consistente. Mostrou o apadrinhamento político no escritório do Conselho Nacional do Sesi em São Bernardo do Campo, onde uma das noras de Lula ganha salário de R$ 13,5 mil e não consegue sequer explicar o que faz no emprego, no qual está desde 2007
Os fantasmas não foram identificados pela "grande mídia", mas pela Controladoria-Geral da União (CGU), a partir de denúncias de funcionários do Sesi. Na sede da entidade, em Brasília, deveria trabalhar, como gerente de marketing, com salário de R$ 22 mil, a mulher do ex-deputado João Paulo Cunha, um dos condenados do mensalão. Os auditores da CGU não conseguiram encontrar evidências de que ela tenha feito algum trabalho.
A reportagem diz que os caça-fantasmas tiveram dificuldade para encontrar outro petista lotado no Sesi em Brasília, um consultor jurídico com salário de R$ 36 mil.