
Nem nos seus dias de maior otimismo Veridiana Bassotto Pasini, 39 anos, esperava por uma situação como a que está vivendo. Sétima suplente de uma coligação formada entre PTB, PP e PMDB em Coronel Pilar, município de 1,7 mil habitantes próximo a Bento Gonçalves e Garibaldi, ela não fez campanha para a Câmara de Vereadores e não divulgou publicamente sua candidatura. Mesmo assim, foi empossada no dia 3 de setembro, tendo recebido somente um voto no pleito de 2012: o dela.
Secretária de dentista, ela registrou a candidatura para ajudar o sobrinho, Eder Alberton, que acabou não se elegendo. Veridiana, do PTB, ocupa a vaga de Luciano Contini (PMDB), afastado por licença médica. A primeira suplente, Iraci Moresco Zanatta, assumiu por 30 dias, deixando lugar vago para outro. Como os seis suplentes seguintes da lista não tomaram posse por motivos diversos, o cargo caiu no colo da secretária.
Em entrevista a ZH, ela diz ter sentido "um baque" quando soube que seria vereadora até o dia 30 de setembro e contou que, no dia da eleição, sentiu que deveria dedicar o voto para ela própria, mesmo que fizesse falta ao sobrinho. Confira os principais trechos:
Quando você concorreu, tinha a intenção de ser eleita?
O objetivo era eleger o nosso candidato, meu sobrinho Eder Alberton. A ideia era focar só nele, mas como precisava de um nome feminino para preencher a chapa, me dispus. Só que apoiamos totalmente o Eder, que é popular aqui, nasceu em Coronel Pilar e tinha muito mais chances do que eu.
Como você reagiu quando foi chamada para assumir?
Foi um baque, fiquei bem surpresa. Não esperava que teria alguma oportunidade. Sendo a última suplente, realmente não imaginava isso.
Mas nem o teu marido votou em ti?
Não! Como a gente pretendia apoiar o Eder, foi tudo para ele. Eu teria outras oportunidades.
Por quê, então, você votou em benefício próprio?
Algo me dizia "vota em ti". Desde o primeiro momento pensei nisso, mas achei que um voto não causaria tudo isso. Eu imaginava outra coisa, até porque não fiz campanha, não divulguei nada, nem todo mundo sabia que eu era candidata, procurei ficar discreta ao máximo.
O que você pretende fazer nesse curto período na Câmara?
Uma indicação, uma ideia para o prefeito. Estou bolando alguma coisa. Vamos ver se hoje (quarta-feira) de noite sai alguma coisa.
O que representa um voto depois desse fato inusitado?
Faz a diferença em tudo. É das pequenas coisas que saem as grandes obras. Numa época em que ninguém mais valoriza o voto, nada mais importante do que isso para mostrar a importância da política. Já aconteceu de gente não ter sido eleita por um voto. Eu falava para o meu sobrinho que não votaria nele e que se ele perdesse por um, ficaria com dor na consciência, mas não abria mão. Na próxima eleição, faça um voto para eleger o seu candidato. Se todo mundo pensar que um faz diferença, no final vai somar muito.
Quem é a vereadora de um voto
Natural de Desvio Machado, no interior de Farroupilha, Veridiana se mudou para Coronel Pilar ao casar com Luiz Carlos Pasini, em 2005. Atualmente, Pasini é presidente do PTB no município. Por quatro anos, no período de 2005 a 2008, a vereadora trabalhou no setor de compras e almoxarifado da prefeitura.
Em 2009, quando o filho do casal nasceu, ela parou de trabalhar e voltou aos afazeres há um mês, como secretária em um consultório odontológico.