O impacto da mudança brusca
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Calor. Frio. Frio. Calor. Foram tantas as mudanças de temperatura desde segunda-feira que a semana passou como se fosse uma gangorra térmica. Ou, no caso do corpo humano, como uma montanha-russa de altos e baixos velozes demais para que o organismo consiga se adaptar. ZH consultou especialistas para saber o que fazer nos casos de grande variação térmica em um período tão curto, quais os grupos de pessoas mais afetados e como se prevenir dos problemas. Veja:
- Nas oscilações de temperatura muito bruscas, o organismo não consegue se adaptar com a mesma velocidade - explica o pneumologista e chefe do serviço de pneumologia da Santa Casa, Adalberto Rubin.
Como o corpo não se adapta, tanto o calor excessivo quanto a umidade causam impacto nas vias respiratórias. A consequência, diz o médico, é o aumento na incidência de alergias como rinite, sinusite e asma, e infecções respiratórias (pneumonias).
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O corpo tem um arsenal de proteções: de barreiras formadas por anticorpos até cílios do aparelho respiratório, que funcionam como filtros e purificam o ar que chega ao pulmão. Ambos combatem as hordas de ácaro mofo, pólen, poluição e bactérias presentes no ambiente.
Acontece que, quando o ambiente muda muito rapidamente, o organismo perde um pouco das defesas naturais e fica mais exposto aos problemas. Sobretudo, quem já tem alguma doença respiratória crônica como asma, enfisema ou bronquite, precisa redobrar os cuidados.
Grupos mais vulneráveis
Todos sofrem com as mudanças repentinas, mas idosos e crianças formam o grupo considerado mais exposto pelos médicos. Conforme o médico geriatra Carlos Eduardo Durgante, os idosos sentem um pouco mais porque têm mais dificuldade de adaptação. A eficácia das defesas do corpo decai um pouco com a idade, o que deixa o sistema imunológico menos eficiente, segundo o médico.
É um período da vida mais vulnerável, e as alterações súbitas de temperatura aumentam os riscos da pré-disposição a infecções por vírus e bactérias. As mudanças também podem causar ser gripe, resfriado, sinusite viral, faringite e até risco pneumonia. Outro agravante é que alguns idosos têm, ao mesmo tempo, doenças crônicas e tomam bastante medicação.
O segundo grupo mais exposto é o das crianças. O pediatra e professor da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) Délio Kipper lembra que o organismo tem que fazer mudanças muito bruscas para se adaptar à temperatura. O resultado são dois grandes problemas que atingem esta faixa etária: crises de asma e infecções respiratórias virais.
- A criança tem maior capacidade respiratória que os idosos, mas as viroses costumam explodir nesta época do ano - diz Kipper.
Como se prevenir
Desde que se começa a respirar pelo nariz já existe um sistema de prevenção nas próprias vias respiratórias. Pele, cílios, mucosas e anticorpos operam como os guardiões do corpo.
Os três médicos consultados acreditam que o melhor a fazer é colaborar com essas defesas naturais, com cuidados preventivos como tomar bastante líquido, ter uma alimentação balanceada com carnes, verduras e frutas e evitar exposição a chuva e a pessoas que tenham alguma doença viral. A vacina contra a gripe é recomendada.
Prevenção também pode ser previsão: ao sair de casa no calor, lembrar que sempre pode esfriar à noite. Daí a importância de os pais vestirem as crianças adequadamente.
E não há milagres. A popular vitamina C, segundo o médico Adalberto Rubin, não tem evidência científica de que funciona.
*Zero Hora