Geral

Orla do Guaíba

Construção de torre comercial na área do antigo Estaleiro Só segue sem data para começar

Projeto ainda tramita na perfeitura e aguarda adequações da empresa responsável

Lauro Alves / Agencia RBS
Desde a destruição dos galpões, em 2010, local está desocupado

Encalhado por necessidade de ajustes, o projeto para a ocupação de uma área na zona sul da Capital pouco avançou nos últimos anos. A ideia de erguer um complexo comercial onde se localizava o Estaleiro Só, antiga construtora naval, tramita por órgãos municipais e aguarda definição da empresa responsável pelo projeto.

A possibilidade de serem construídos prédios no local levou a prefeitura a fazer uma consulta pública, em agosto de 2009, quando ficou definido que a área somente poderia abrigar empreendimentos comerciais.

Três anos após a votação, a empresa proprietária do local, BM Par Empreendimentos, definiu que ergueria uma torre comercial de 26 andares, com espaço para parque e ciclovia. Na ocasião, a prefeitura vetou a altura e estipulou o limite de 22 andares - como o prédio Cristal Tower, no BarraShoppingSul. Na época, o início das obras do chamado Parque do Pontal era previsto para o final de 2013 ou início de 2014.

A data não se confirmou, segundo a empresa, por causa da necessidade de incontáveis ajustes para tramitação da documentação de obras de grande porte. Conforme a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam), o Estudo de Impacto Ambiental (EIA-Rima) foi analisado e equipes técnicas apontaram a necessidade de adequações e novas informações.

Entre as exigências está a urbanização de um espaço público na orla com equipamentos de lazer e a construção de uma via ao longo do trecho, separando as áreas pública e privada. A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) exigiu mais vagas de estacionamento para usuários do parque, uma ciclovia ao longo da orla - ou da via local interna - e outra na Avenida Padre Cacique. Em ofício, a prefeitura ainda pediu detalhes de alguns itens, como o Memorial do Estaleiro Só. Sugeriu também que, após a obra, seja recuperado o pavimento da Avenida Pinheiro Borda e não o da Padre Cacique - como a empresa havia ofertado.

Sem demonstrar pressa, a BM Par Empreendimentos alega que ainda não respondeu à Smam porque está "aprontando as novas informações". Após aprovado pela secretaria, o EIA-Rima deverá ser levado à audiência pública e retornar à prefeitura para Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU). Só depois de concluídas essas etapas é que começará o processo de licenciamento das obras. A empresa diz não ter interesse em divulgar detalhes do empreendimento enquanto o EVU não for aprovado, pois poderá sofrer alterações. A audiência pública poderá ser realizada no final deste ano.

O PROJETO

Foto: Lauro Alves, Agência RBS

Com a exigência de não construir em uma largura de 60 metros da orla, o projeto contará com um parque público na orla do Guaíba. O complexo comercial inclui uma torre de 22 andares, estacionamento, posto de combustíveis e shopping. Não está mais previsto um hotel.

A história do Estaleiro

- Criado em 1850, o Estaleiro Só foi uma das primeiras ferrarias e fundições de Porto Alegre.

- Em 1949, o Estaleiro Só se estabeleceu na Ponta do Melo, chamada de Pontal do Estaleiro.

- O apogeu do Estaleiro Só foi na década de 70, quando chegou a ter 3 mil funcionários.

Foto: Reprodução 

- Em 1995, o vigoroso estaleiro não resistiu, e fechou as portas.

- A área foi arrematada em leilão, em 2005, por R$ 7,2 milhões pela SVB Participações.

- Em 2008, os vereadores aprovaram o uso do terreno para a construção de prédios residenciais, além de edifícios comerciais, mas o prefeito José Fogaça vetou o projeto com o pedido para que a população fosse consultada sobre a medida.

- Em março de 2009, os vereadores aprovaram duas emendas: uma para a realização de uma consulta popular em 120 dias após a publicação da lei e outra de preservação de uma área mínima de 60 metros junto à orla sobre a qual nada poderá ser construído.

- A seguir, a BM Par Empreendimentos desistiu de construir prédios residenciais, mantendo a decisão de erguer apenas empreendimentos comerciais. Mesmo assim, o prefeito manteve a consulta popular.

- Em 23 de agosto de 2009, a votação popular confirmou a rejeição à construção de residências na área.

- Foram 18.212 (80,7%) votos contrários contra 4.362 favoráveis (19,3%).

- Em 2010, os galpões do Estaleiro foram demolidos, e o local passou a servir de canteiro para as obras do Projeto Integrado Socioambiental (Pisa), do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae).

- Em maio deste ano, a BM Par Empreendimentos recebeu um ofício da Equipe de Licenciamento da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) formalizando a necessidade de apresentar complementações ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA-Rima).

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