
Defensores e adversários da independência tomaram as ruas da Escócia ontem nas últimas horas da campanha, na véspera do plebiscito que decidirá sobre o rompimento ou a permanência na Grã-Bretanha depois de 307 anos.
Pesquisas apontam uma leve vantagem do não (contra a independência), mas com pequena margem, comparada ao número de indecisos. Analistas concordam que uma previsão é muito difícil numa votação que deve ter o maior comparecimento às urnas já registrado no país. No início do mês, pesquisas indicaram a vitória do "sim".
ZH Explica: Escócia e Catalunha podem se tornar independentes?
Entenda as causas das divergências entre britânicos e escoceses
O ex-primeiro-ministro britânico Gordon Brown, escocês que, nas últimas semanas, assumiu o comando da campanha unionista, previu uma vitória do não em discurso diante de centenas de pessoas num centro comunitário de Glasgow.
- Lutamos duas guerras mundiais juntos. Não há um cemitério na Europa em que não estejam lado a lado um escocês, um galês, um inglês e um irlandês. Quando lutaram, nunca perguntaram de onde vinham - afirmou.
O chefe do governo escocês, Alex Salmond, que encabeça a campanha pelo sim, enviou carta aos concidadãos apelando para que não deixem escapar a oportunidade de fazer história. "Acordem na sexta-feira (amanhã) no primeiro dia de um país melhor. Sabendo que o fizeram, sabendo que fizeram com que acontecesse. Isto é sobre deixar o futuro de vosso país em vossas mãos. Não deixem que a possibilidade escorregue. Não deixem que digam a vocês que não podemos. Vamos fazer", afirmou.
Leia todas as útlimas notícias de mundo
Leia todas as últimas notícias de Zero Hora
Até mesmo uma derrota teria algo de vitória para Salmond, porque os partidos britânicos se comprometeram a ceder mais autonomia à Escócia caso o país permaneça na Grã-Bretanha.
Duas novas pesquisas divulgadas na terça-feira apontam uma pequena vantagem do não. De acordo com o instituto ICM, o não tem 45% das intenções de voto, contra 41% do sim, com 14% de indecisos.
O instituto Opinium mostra um resultado de 49% a 45%, com 6% de indecisos.
Mas os analistas advertem para a precariedade das previsões. O índice de participação deve superar 80%, 30 pontos a mais que nas últimas eleições regionais. Além disso, setores da sociedade que normalmente não comparecem às urnas deverão comparecer. A votação se inicia às 6h no horário local (3h de Brasília) e termina às 21h (18h de Brasília). Os resultados devem ser divulgados no fim da noite ou no início da madrugada de sexta-feira.
O que está em jogo
História
Inglaterra e Escócia estão unidos desde 1707 na Grã-Bretanha (com o País de Gales e a Irlanda do Norte). Um escocês (Jaime VI) reinou na Inglaterra. A bandeira britânica traz o "X" da cruz de St. Andrew, da bandeira escocesa.
Petróleo e armas
As reservas de petróleo e gás do Mar do Norte valem 1,5 trilhão de libras. Se a independência for aprovada, a Grã-Bretanha removerá armas nucleares da Escócia.
Moeda
A Escócia terá de se candidatar a Estado membro da União Europeia e decidir pela adoção do euro. A união monetária com a Grã-Bretanha a partir da libra esterlina, cogitada pelos separatistas, é rejeitada por Londres.
Imposto de renda
O equilíbrio fiscal do novo Estado exigiria o aumento da alíquota básica de imposto de renda de 20% para 28%, segundo analistas.
Déficit
O déficit britânico será de 1,5 trilhão de libras em 2016-2017. Para a Escócia 124,5 bilhões de libras, se houvesse partilha per capita.