Luiz Antônio Araujo
Um dos temas mais polêmicos da agenda política global, a sustentabilidade - ou a tentativa de conciliar crescimento econômico, bem-estar social e gestão adequada de recursos naturais e humanos - teve presença apenas discreta nos debates presidenciais antes da eleição de 5 de outubro.
Não que o assunto seja estranho aos eleitores. A presidente Dilma Rousseff antecipou uma viagem a Nova York, onde abriu, na quartafeira passada, a Assembleia-geral das Nações Unidas, a fim de discursar na Conferência do Clima - e ouvir cobranças por se recusar a endossar o compromisso de desmatamento zero até 2030.
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Em São Paulo, a combinação de longa estiagem e erros de gestão desencadeou uma crise no abastecimento de água. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) denunciam a retomada do desmatamento na Amazônia. Ainda assim, nos últimos três meses, a sustentabilidade perde em popularidade para questões como união homoafetiva e orientação religiosa dos candidatos.
À frente nas pesquisas, Dilma e seus aliados comemoram as realizações de quase 12 anos de gestões do PT. Em Nova York, a presidente sintetizou essa atitude ao exibir números: redução do desmatamento em 79% em uma década, menos 650 milhões de toneladas anuais de dióxido de carbono lançadas na atmosfera entre 2010 e 2013, cooperação com países da Bacia Amazônica na preservação da mata. Seus adversários detectam distorções e debilidades.
- O programa energético apresentado por Dilma na eleição de 2010 é o inverso do que foi feito. O setor de etanol da Petrobras foi liquidado. O programa enfatizava as energias renováveis, mas o governo teve uma política absolutamente fóssil - afirma José Eli da Veiga, professor da Universidade de São Paulo (USP) e um dos responsáveis pela redação do programa de governo de Marina Silva (PSB).