
O brasileiro que entra na loja para escolher um automóvel costuma ter em mente questões como beleza, tamanho, conforto e preço. Quando assina o contrato, ele também pode estar se decidindo, sem saber, entre a vida e a morte.
- O nosso consumidor sequer sabe quais são os itens de segurança automotiva - observa o engenheiro da USP Marcelo Alves.
A presença desses dispositivos deveria ser, como ocorre em outros países, um critério fundamental de escolha. Em geral, quanto mais itens, melhor. A Latin Ncap recomenda que o carro tenha ao menos freios ABS, cintos de segurança de três pontos, airbags e sistema Isofix para fixação de cadeirinhas infantis
Itens fundamentais para sua proteção:
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Se ficar sem esses itens é considerado um risco pelos engenheiros, e tê-los não é garantia de segurança total. Um caso ilustrativo é o J3, do fabricante chinês JAC. Apesar de estar equipado com airbags, o veículo alcançou apenas uma estrela no teste de colisão frontal da Latin Ncap. Isso pode ocorrer quando o problema do carro é estrutural.
Na dúvida, a melhor saída é verificar como o modelo saiu-se nos testes de colisão. O problema é que são poucos os veículos produzidos no Brasil já avaliados. Como não há obrigatoriedade, cabe a uma entidade com fundos limitados, a Latin Ncap, realizar avaliações em carros selecionados. Uma possibilidade seria ver o desempenho nos testes do automóvel de mesmo nome vendido no mercado europeu, japonês ou americano, mas essa prática não é recomendável. Com frequência, há diferenças de projeto, de fabricação e de itens de segurança incluídos - com desvantagem para o produto nacional.
Adquirido o veículo com o máximo de acessórios e a melhor das pontuações, ainda assim não é o caso de relaxar:
- É preciso lembrar que um carro pode ter custado R$ 150 mil e vir com todos os itens de segurança, mas se não trocar o pneu, cuidar da suspensão e usar o cinto, ele vai ser pior do que o carro mais simplesinho que estiver com isso em ordem - alerta o engenheiro Oliver Schulze, da comissão técnica de segurança veicular da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE).