O governo da Ucrânia e os insurgentes pró-russos negociam, nesta sexta-feira, em Minsk, um cessar-fogo apoiado pela Rússia, para colocar fim a cinco meses de confrontos e evitar novas sanções ocidentais contra Moscou.
Apesar das negociações conduzidas na capital de Belarus, intensos combates eram travados nesta sexta-feira nos subúrbios da cidade estratégica portuária de Mariupol, no sul da Ucrânia.
Esta cidade se converteu em um dos palcos mais importantes da batalha entre tropas regulares ucranianas e insurgentes pró-russos do leste do país. O conflito, que já deixou 2,6 mil mortos, tensionou as relações entre o Ocidente e a Rússia em níveis inéditos desde a Guerra Fria.
Os habitantes de Mariupol, localidade estratégica em frente ao mar de Azov em mãos governamentais, cavaram trincheiras diante do temor de uma grande ofensiva insurgente, apoiada aparentemente por tropas e artilharia russas.
A queda de Mariupol abriria o caminho dos separatistas para a Crimeia, anexada pela Rússia desde março. Horas antes do início da reunião de Minsk correspondentes da AFP indicaram que também foram ouvidas, na madrugada desta sexta-feira, diversas explosões perto do reduto rebelde de Donetsk, aparentemente procedentes do aeroporto da cidade.
Plano para um cessar-fogo
O plano para um cessar-fogo pode ser anunciado durante a reunião em Minsk do grupo de contato composto por representantes de Kiev, Moscou e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
- Vamos falar de um cessar-fogo e do que é preciso fazer para estabelecê-lo - anunciou pouco antes do início da reunião o ex-presidente Leonid Kutchma, que representa a Ucrânia. - Viemos aqui para a paz - acrescentou.
- Espero que entrem de acordo sobre algo - declarou o embaixador da Rússia em Minsk, Alexandre Surikov.
O representante da Rússia, Mikhail Zurabov, disse que esperava que alguns documentos sejam assinados na reunião, mas não entrou em detalhes. Já os separatistas pró-russos estão representados pelo primeiro-ministro da República Popular Autoproclamada de Donetsk (DNR), Alexandre Zajartshenko, e seu colega da República de Lugansk Igor Plotniskii.
O ministro britânico das Relações Exteriores, Philip Hammond, afirmou nesta sexta-feira que o Ocidente está decidido a impor novas sanções econômicas à Rússia, embora depois as cancele se houver um cessar-fogo na Ucrânia.
- O mais razoável é seguir adiante com nosso plano de impor novas sanções. Se depois houver um cessar-fogo, se for assinado e entrar em vigor, poderemos considerar cancelar as sanções - disse Hammond à BBC.
O Ocidente acusa a Rússia de apoiar com soldados e material militar os insurgentes pró-russos no leste da Ucrânia. Moscou nega estas informações.
A França também condicionou a entrega de um barco de guerra Mistral à Rússia - um contrato de 1,2 bilhão de euros - à assinatura de uma trégua e de uma solução política ao conflito.
O líder ucraniano, Petro Poroshenko, lembrou as condições da Ucrânia para um cessar-fogo: controle da fronteira russo-ucraniana pela OSCE, retirada das tropas russas e libertação de soldados ucranianos detidos por insurgentes ou tropas russas.
O presidente russo, Vladimir Putin, apresentou um plano de paz de sete pontos, no qual pede que as forças governamentais ucranianas se retirem das regiões industriais de Donetsk e Lugansk.
Já os líderes das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk propuseram seu próprio plano, e se declararam dispostos a um cessar-fogo nesta sexta-feira se houver acordo em Minsk e se Kiev assinar um plano de solução política.
*AFP