O político José Ivo Sartori foi forjado no movimento estudantil, sendo impulsionado pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) para seu primeiro cargo público: a eleição para vereador de Caxias do Sul, em 1976. Era chamado de Zé Ivo.
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Trinta e oito anos depois, o gringo natural de Farroupilha e ex-prefeito de Caxias do Sul conquistou o principal cargo político no Estado. A partir de 1º de janeiro de 2015, passará a despachar do Palácio Piratini, como governador.
A Igreja Católica teve forte influência em sua formação e foi justamente no seminário que Sartori despertou para a política. Atuando na clandestinidade do Partido Comunista Brasileiro (PCB), o Partidão, Sartori definiu os posicionamentos ideológicos. Em 1974, vigorava o bipartidarismo - o MDB, que aglutinava as oposições, e a Arena (Aliança Renovadora Nacional), de sustentação ao regime. Sartori e vários companheiros ingressaram no MDB.
A liderança à frente do diretório estudantil fez com que o PCB o escolhesse para representá-lo como candidato a vereador. Os votos dos comunistas o levaram à Câmara Municipal.
A atuação no DCE (1972 a 1975) voltava-se, especialmente, para a área cultural e a federalização da UCS. Foi em sua gestão a apresentação de Chico Buarque no colégio do Carmo, durante o Circuito Universitário, em tempos de contestação à ditadura. A semente dessa militância foi plantada em 1962, quando ingressou no grêmio da Escola São José, em Antônio Prado. Três anos depois, Sartori presidiria o mesmo grêmio, alicerçado na Juventude Estudantil Católica (JEC). Depois, vieram o seminário, o DCE e, naturalmente, a vida pública, somando-se 36 anos de mandatos.
Quinze dias após ingressar no Seminário Nossa Senhora Aparecida, em Caxias, em 1966, já estava envolvido na fundação do grêmio. O novo integrante era visto como uma pessoa com maior vivência, descontraído e com liderança. A militância de esquerda começou em 1969, no Seminário Maior, em Viamão. Eram anos de ditadura e repressão. "Nós fazíamos panfletagem de madrugada, produzindo textos e fazendo cópias no mimeógrafo", diz Sartori, em um trecho do livro Andanças, sobre sua vida, lançado neste ano.
Militância no Partidão
Com o fim do bipartidarismo, em 1979, Sartori seguiu para o sucessor PMDB, onde permaneceu por toda a vida pública.
Quando o PCB saiu da clandestinidade, em 1985, já era deputado estadual. A decisão de continuar no PMDB, não foi absorvida com normalidade. Os antigos companheiros queriam que, assim como eles, Sartori retornasse ao Partidão. A opção pelo PMDB é lembrada por Arcangelo Zorzi Neto, o Maneco, 57. Eles se conheceram na militância estudantil e fortaleceram a amizade quando passaram a trabalhar juntos em uma livraria, a Sulina. Foi Sartori que o convidou para militar no PCB, na época da clandestinidade.
- A única vez que briguei com ele foi quando teve a legalização dos partidos e nós achávamos que todo mundo tinha que ir para o Partidão. Nossa briga durou uns seis meses, depois fizemos as pazes e ficou tudo beleza.
João Tonus, 66, foi um dos líderes do PCB em Caxias, após a legalização.
- Como Sartori tinha sido eleito com o apoio do PMDB (deputado estadual), disse que era muito ruim assumir outro partido naquele momento. Internamente, ele era o candidato do Partidão, mas o voto de massa foi mais amplo. Já para vereador, foi um trabalho mais nosso, do meio estudantil.