Foram minutos de desespero e corre-corre entre os moradores do Sol Nascente, bairro de Eldorado do Sul, na madrugada desta quinta-feira, quando pedras de granizo começaram a despencar do céu.
O Sol Nascente tem 300 moradias, onde vivem 800 famílias de baixa renda. O granizo causou estragos em mais de 50% das residências.
Era pouco mais de 2h da madrugada de quinta-feira quando o porteiro Eugênio de Oliveira, 53 anos, foi despertado pela chuva intensa. Ficou tranquilo, pois estava confiante de que a telha de 6 milímetros de espessura usada para cobrir a casa era forte suficiente para resistir ao temporal.
- De um minuto para o outro começou a cair granizo, do tamanho de um ovo de galinha, e as telhas não resistiram. Foram furadas como se fossem papel - compara Oliveira.
Ele mora na Rua Assis Brasil, justamente um das regiões mais atingidas pelo granizo no Sol Nascente. O lugar faz parte da área por onde passou a queda mais forte de gelo, comentou Roberto Lima, técnico da Defesa Civil de Eldorado. A poucos metros da casa de Oliveira mora a vendedora Maria Patrícia Dias, com os seus dois filhos, Yuri, 17 anos, e Nathan, 15 anos.
- Moro aqui há uns 15 anos, e houve outras quedas de granizo, mas essa foi maior e mais destrutiva de todas - falou Maria Patrícia.
A casa família teve o telhado - coberto com telhas de 3 milímetros de espessura - seriamente danificado. Yuri lembrou que o som do granizo perfurando as telhas fazia parecer que o "mundo vinha abaixo". No meio da manhã de quinta-feira, a chuva recomeçou, atrapalhando o trabalho do mecânico Roque Trindade Flores, 42 anos, que tapavam os buracos abertos pelo granizo no telhado.
O recomeço da chuva trouxe de volta a intranquilidade aos moradores do Sol Nascente, que se aglomeravam na rua em busca das lonas para cobrir os telhados que estavam sendo distribuídas pela Defesa Civil de Eldorado do Sul. Valdemar Ricardo Dias, 45 anos, que trabalha como segurança, estava aflito.
- Agora, estou rezando para que não se repita o que aconteceu durante a madrugada. Logo que começou a cair, eu corri para rua. Vou lembrar por muito anos do que vi: o chão coberto de bolas de gelo. As telhas da minha casa foram furadas e água destruiu parte da mobília. Foi um terror - descreveu.
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Foto: Carlos Macedo, Agência RBS
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