
Mesmo com a proximidade geográfica entre o município gaúcho de Iraí, que faz divisa com Santa Catarina, e Cascavel (340 quilômetros), no Paraná, a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul não adotará medidas extremas de vigilância devido à suspeita de ebola na cidade paranaense. O RS segue as recomendações do Plano de Contingência da doença, elaborado pelo Ministério da Saúde.
A maior preocupação das autoridades de saúde gaúchas é com relação às pessoas que passaram por Guiné, Libéria e Serra Leoa, na África, nos últimos 21 dias. É nessa região do planeta que o vírus tornou-se epidêmico, e qualquer viajante que esteve lá e apresentou algum sintoma do ebola deve ser imediatamente isolado em um leito com banheiro individual.
- À medida que as situações acontecem, o plano é executado. Enquanto não confirmar o caso (do Paraná), segue tudo igual. O foco é quem viaja, sabemos que a porta de entrada do vírus é de fora, já que não há circulação do ebola no país - explica Marilina Bercini, responsável técnica da secretaria pelo plano de contigência no Estado.
Ela pede calma e diz que é importante não fazer alarde em cima de suspeitas para não criar um sentimento de pânico. No Rio Grande do Sul, o hospital referência é o Conceição, na Capital. Segundo o ministro da Saúde, Arthur Chioro, o resultado dos exames que irão confirmar ou descartar o primeiro caso de ebola no Brasil deve sair em até 24 horas.
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O paciente do qual há suspeita de contágio, vindo de Guiné, está isolado no Instituto Fiocruz, no Rio de Janeiro. A amostra coletada para o exame foi enviada nesta sexta-feira para o Instituto Evandro Chagas, no Pará, onde será feita a avaliação.
- Quando se confirma, as pessoas que estiveram com o paciente devem ser observadas por 21 dias. Não temos vacinas e medicamentos contra o ebola, mas fechar fronteiras e divisas é uma questão radical, que compete a outro patamar de discussão. Nenhum país do mundo fez isso por enquanto - complementa Marilina Bercini.
Contato com mais de 60 pessoas
Conforme o ministro Chioro, 64 pessoas podem ter tido contato com o homem suspeito de portar o vírus no Paraná. Elas foram isoladas em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Cascavel, mas estavam sendo liberados na manhã desta sexta-feira, conforme um jornal local. O ministro explicou que o paciente já chegou sem febre (o único sintoma que apresentou) na UPA - ele teria relatado elevação na temperatura durante a quarta-feira.
O caso foi informado ao Ministério da Saúde, que acionou todos os órgãos responsáveis e direcionou a transferência do paciente para o Rio de Janeiro. Assim que o homem chegou ao Instituto Fiocruz, foi realizado um exame que descartou a possibilidade de malária. Médicos também recolheram uma amostra de sangue, que nesta manhã foi enviada ao Instituto Evandro Chagas, referência internacional em pesquisas de microorganismos e patologias.
Os sintomas do ebola
A infecção pelo vírus ebola ocasiona febre (superior a 38°C), cefaleia, fraqueza, diarreia, vômitos, dor abdominal, inapetência, odinofagia e manifestações hemorrágicas. O período de incubação da doença pode variar de dois a 21 dias e os anticorpos IgM podem aparecer com dois dias após o início dos sintomas e desaparecer entre 30 e 168 dias após a infecção.
Não há transmissão durante o período de incubação. A transmissão só ocorre após o aparecimento dos sintomas e se dá por meio do contato com sangue, tecidos ou fluidos corporais de indivíduos infectados (incluindo cadáveres), ou do contato com superfícies e objetos contaminados. Não existe tratamento específico para a doença, sendo limitado às medidas de suporte à vida
* Zero Hora