Isolamento. Como se fosse possível. Com milhares de voos e milhões de pessoas viajando de lá pra cá.
Tenho no meu iPad o Flightradar, um aplicativo que mostra os aviões cruzando os céus do planeta em tempo real.
São enxames de abelhas, a qualquer hora do dia e da noite.
Tem também as migrações de exilados - caminhantes e navegantes.
Na África, o ebola ressurgiu, espalhando luto e medo. E nos mostrando que, cada vez mais, o mundo é um só.
O enredo:
Na Libéria, falta tudo. De máscaras a sacos para cadáveres. Só não faltam os mortos.
Na América e na Europa, governos assustados ensaiam protocolos de atendimento. Espocam os primeiros casos nos EUA e na França. O racismo ressurge disfarçado de prevenção sanitária. Doença de negro.
A doença é do planeta. Foi-se o tempo em que o holismo era só misticismo. A dança de Shiva não é mais ilustração. É foto.
Se é possível e válido buscar uma lição na tragédia, lá vai: se o mundo inteiro não estiver bem, se saúde, educação e liberdade não estiverem ao alcance de todos, ninguém estará seguro.
Foi preciso que um vírus minúsculo nos relembrasse dessa grande verdade.