Marta Sfredo
Associada ao Prêmio Nobel da Paz - que tem indicação e entrega na Noruega, embora seja parte das distinções concedidas por instituições suecas -, a Suécia está reforçando o arsenal de guerra. As recentes intervenções da Rússia na Crimeia e no leste da Ucrânia, além de temores dos países bálticos - Estônia, Letônia e Lituânia - provocaram uma reviravolta na política de defesa sueca.
Depois de reduzir o tamanho de suas forças armadas, com extinção do serviço militar obrigatório em 2010, o país nórdico quer se preparar para enfrentar ameaças. No início do mês, o novo primeiro-ministro do país, Stefan Löfven, recebeu um grupo de jornalistas brasileiros e descreveu o novo momento:
- Temos observado, há seis ou sete anos, um aumento da capacidade militar da Rússia. Isso não significa que estejamos identificando ameaça militar imediata da Rússia. Mas temos de considerar o que está ocorrendo nos arredores. Estamos aumentando nossa capacidade de defesa, desenvolvento cooperação com países nórdicos, países do Báltico, com a Otan, com a União Europeia. É uma nova situação geopolítica à qual temos de responder.
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Um dia antes, o ministro da Defesa do país, Peter Hultqvist, dera ao mesmo grupo detalhes do esforço para reforçar o arsenal sueco. O governo pedirá ao parlamento um aumento de 10% no total de recursos destinados à defesa até 2024, para comprar armamento e reforçar as tropas.
Só a Força Aérea aumentou em 50% a participação em exercícios internacionais, conforme seu comandante, Micael Byden. Também passou a participar de intervenções diretas no exterior, como o apoio dado às forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Afeganistão e a operação Unified Protector na Líbia. Ao descrever a arma que comanda, Byden afirmou que tem "pequeno número em tempos de paz, não sei como seria em tempos de guerra". E acrescentou:
- Isso é difícil de sustentar ao longo do tempo.
A Suécia não é membro da Otan, mas se considera um "aliado", conforme o primeiro-ministro. Observadores internacionais especulam se não é hora de o país aderir formalmente ao tratado, mas o primeiro-ministro desconversa. Diz não ver necessidade de uma adesão plena.
Um episódio ocorrido em outubro ajudou a construir o discurso pró-rearmamento: rumores sobre a identificação de um submarino no arquipélago de Estocolmo - a capital sueca se desdobra em várias pequenas ilhas a leste da península escandinava - acionou alertas e expôs a fragilidade da defesa do país. Os russos negaram qualquer "situação irregular" e tudo ficou por isso mesmo, mas o episódio reforçou a posição de quem defende um reforço no arsenal.