Era o primeiro sábado da Expointer, um frio mas ensolarado 27 de agosto de 2011, e o então ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, engatou um discurso sobre o abandono do chamado "tripé da estabilidade" - ajuste fiscal, câmbio flutuante e meta de inflação. Ao criticar a combinação de pesada carga tributária, juro alto e real valorizado, Pimentel saiu-se com duas frases surpreendentes, pronunciadas em momentos diferentes:
- Aos poucos, temos de ir desmontando essa equação disfuncional.
- Não tem sentido uma economia como a brasileira pagar a maior taxa de juro do mundo com superávit primário de 3% do PIB.
Foi uma das primeiras manifestações públicas de um ministro da área econômica acenando com a possibilidade de rever o modelo adotado a partir de 1999. Exatamente um ano depois, em 30 de agosto de 2012, veio o corte de juro que voltou a surpreender a todos, porque definido num período de inflação relativamente alta, quando ficou estabelecida a tentativa do governo Dilma Rousseff de esboçar uma "nova matriz econômica". A ideia era estimular o investimento, mas a inflação encareceu as apostas das empresas e o endividamento das famílias freou o consumo.
Com a esperada confirmação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda - o Planalto avisou oficialmente nesta quarta-feira que anuncia na quinta-feira a equipe econômica -, termina o período de experimentação. Com certo pesar de correntes petistas e evidente alívio de analistas econômicos, voltam a ser fortalecidos os três pilares originais. E com Nelson Barbosa no Planejamento, há expectativa de que a pasta volte a ganhar relevância. E os empresários vão ter, com Armando Monteiro no Desenvolvimento, um par para conversar. Vêm aí aumento de impostos, corte de benefícios e fim do alívio tributário.