
Uma ação do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) contra roubo e furto de veículos desarticulou uma quadrilha comandada de dentro da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Resultado de 11 meses de apuração, a Operação Trinca-Ferro cumpriu 29 mandados de busca e apreensão e 24 mandados de prisão na Região Metropolitana, nos vales do Sinos e do Caí e no centro do Estado na manhã desta quinta-feira. Do início da investigação até agora, foram 16 pessoas presas.
De acordo com o delegado Juliano Ferreira, titular da Delegacia de Repressão ao Roubo de Veículo, foram identificados cerca de 200 roubos e furtos de carros e caminhões praticados pelo grupo. Da cadeia, José Carlos dos Santos, o Seco, enviava ordens aos seus comparsas, segundo a Polícia Civil. O criminoso, preso desde 2006, já chegou a ser o mais procurado do Estado, após espalhar pânico ao utilizar caminhões para abalroar carros-fortes em rodovias.
VÍDEO: veja a chegada de Seco ao Deic:
- Verificamos que o Seco é muito vinculado ao tráfico de drogas, inclusive com os Bala na Cara (facção que atua no ramo), com quem fazia contatos seguidos. Qual era a ideia? Quem sabe, se tornar fornecedor. Era uma atividade muito intensa, com muito dinheiro - explica o delegado, que estima em cerca de R$ 1 milhão o valor movimentado.
Parte dos veículos era enviada à Santa Catarina, ao Paraná e ao Paraguai, onde podia ser trocada por dinheiro e drogas. Também servia para Seco pagar seus comparsas, apontam os policiais.
- Foi uma árdua e complexa investigação, que começou em novembro do ano passado com a prisão do Alemão Ramires (Ramires da Costa), um dos maiores clonadores de veículos, além de ladrão - afirma Ferreira. - Os carros eram roubados, clonados e iam para seu destino - acrescenta Ferreira.
A mulher de Seco, Adriana da Silva Santos Moraes, foi presa em Montenegro - ela é apontada como braço direito do criminoso, responsável por transportar entorpecentes. Seco chegou à sede do Deic, em Porto Alegre, por volta das 10h30min desta quinta-feira. Ele prestou depoimento e negou ser sua a voz gravada nas escutas autorizadas pela Justiça.
- Ele comandava, sem dúvidas, uma das quadrilhas mais violentas e especializadas do Estado - diz o delegado.
Crédito: Ronaldo Bernardi / Agência RBS

Quem é o Seco?
José Carlos dos Santos, o Seco, 35 anos, tem 205 anos de condenação por diversos crimes, principalmente ataques a bancos e carros-fortes no Rio Grande do Sul. Detido desde 2006 na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), ele já foi o bandido número um do Estado e, segundo a Polícia Civil, continua atuando no crime organizado e dando ordens de dentro da Pasc para o roubo de veículos e tráfico de drogas.
A polícia não sabe ao certo como Seco ingressou no crime. Natural de Candelária, no Vale do Rio Pardo, ele conheceu os maiores quadrilheiros do Estado em Caxias do Sul, entre 2000 e 2001, quando trabalhou na cidade da Serra. O jovem despertou interesse dos bandidos pela habilidade ao volante e conhecimento técnico em explosivos.
Durante anos, Seco dirigiu máquinas pesadas em lavouras e terraplanagens. Tinha conhecimentos em explosivos, já que trabalhou na abertura de açudes. Destemido, o bandido conduzia, no começo da carreira criminosa, os caminhões usados para parar blindados.
Ele ajudou a criar a logística das ações contra carros-fortes. Costumava sentar ao lado do caroneiro, protegido por colchões e um capacete. Com a morte de Dilonei Melara, em 2005, passou a ser o criminoso mais temido do Estado.