De todos os nós que o governo de José Ivo Sartori terá de desatar a partir de janeiro, um dos mais cerrados é o da conservação e dos investimentos em estradas. Não se trata simplesmente de decidir se extingue ou mantém a EGR, mas de definir como cumprir a promessa de manter as rodovias em boas condições sem cobrar tarifas exorbitantes de pedágio. Como Sartori disse que não tem preconceito contra as concessões, o Estado poderá assistir à segunda temporada de uma das mais longas novelas de sua história recente.
Nos debates da campanha, Sartori sempre disse que o modelo do seu agrado é o adotado pela presidente Dilma Rousseff nas rodovias federais, que combina tarifa baixa, trechos ponto a ponto e contratos de longo prazo. Aqui começa o problema: para esse modelo ser viável, a rodovia precisa ter alto fluxo de veículos, como têm as federais. Com exceção da ERS-122, as estaduais que se enquadram nesse figurino já têm praças da EGR. As outras que precisam de recuperação urgente dependem do minguado orçamento do Daer, porque o tráfego não comporta a instalação de cabines de cobrança.
Sartori pode optar por extinguir a EGR e abrir licitação para que a iniciativa privada se responsabilize pelas estradas hoje sob administração estatal. Mesmo com maioria na Assembleia, não será fácil convencer os deputados a mexerem nesse vespeiro.
Se a decisão for pela extinção da EGR, os contratos em andamento podem ser subrogados para o Daer - na hipótese de transferência da responsabilidade para a autarquia - ou transferidos para um parceiro privado. Os cerca de 50 funcionários, mesmo admitidos por concurso, não têm estabilidade. São regidos pela CLT e podem ser demitidos sem justa causa, como qualquer trabalhador do setor privado.
Opinião
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Colunista é a titular da Política+
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