O Brasil tem 155,3 mil pessoas em situação análoga à escravidão, segundo o relatório Índice de Escravidão Global 2014, da Fundação Walk Free, divulgado nesta segunda-feira. O número é uma grande melhora em relação à 2013, quando o levantamento apontou mais de 210 mil pessoas submetidas ao trabalho escravo no país. De acordo com a organização, 0,078% da população brasileira esta nesta condição.
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Pela primeira vez, o número de pessoas resgatadas em situação de trabalho forçado no setor da construção civil (38% dos casos) foi maior que no setor rural. De acordo com a Walk Free, o Brasil atraiu bilhões de dólares em investimentos para a execução da Copa do Mundo, o que propiciou o aumento do número de casos nas áreas urbanas.
O relatório também destaca que a exploração sexual concentrou um grande número de pessoas em situação de trabalho forçado por causa do grande fluxo de turismo nas cidades-sede do Mundial. A Walk Free ressaltou que Fortaleza concentrou boa parte dos casos de abuso sexual de crianças por turistas.
O documento mostra ainda há muitas crianças trabalhando como empregadas domésticas. Em 2013, segundo a organização, 258 mil pessoas entre 10 e 17 anos estavam trabalhando como trabalhadoras domésticas no Brasil. Segundo um dos autores do relatório, Kevin Bales, também há preocupação com a participação de crianças no tráfico ilegal de drogas.
O estudo também mostra que há muitos bolivianos e peruanos sendo explorados na indústria têxtil. Mais da metade dos 100 mil imigrantes bolivianos entraram no Brasil de forma irregular e são facilmente manipulados por meio da violência, das ameaças de deportação, e da servidão por dívida, segundo a pesquisa.
Brasil melhorou posição no ranking mundial
O Brasil está em 143º lugar no ranking dos 167 países avaliados - a posição está ao número de pessoas em situação análoga à escravidão em relação à população total. A Mauritânia, na Costa Oeste da África, está em 1º lugar no ranking e é apontado como o pior caso. No ano passado, o Brasil estava em 94º entre os162 países avaliados.
No ranking das Américas, o Brasil está em 24º em um total de 27 países avaliados, melhorando também em relação ao primeiro relatório, que apontou que o país estava em 13º.
Número de pessoas em situação de escravidão no mundo aumentou 20,13%
Mais de 35,8 milhões de pessoas em todo o mundo vivem em situação análoga à escravidão, aponta o relatório Índice de Escravidão Global 2014. O número de pessoas escravizadas aumentou 20,13% em relação ao levantamento em 2013. O primeiro relatório da organização mostrou que o mundo tinha 29,8 milhões de vítimas da escravidão moderna.
De acordo com a Walk Free, o trabalho escravo nos dias atuais ocorre por meio do tráfico de seres humanos, do trabalho forçado, da servidão por dívida, do casamento forçado ou servil e ainda pela exploração sexual comercial.
A África e Ásia, segundo o documento, continuam sendo os continentes com a maior incidência de pessoas nestas condição. Proporcionalmente, a Mauritânia, na Costa Oeste da África, lidera novamente o ranking dos países com maior prevalência, com 4% da população escravizada. Ela é seguida do Uzbequistão (3,97%), Haiti (2,3%), Qatar (1,36%) e da Índia (1,14%).
Em números absolutos, a Índia permanece no topo da lista com mais de 14,29 milhões de pessoas escravizadas, seguida da China (3,24 milhões), do Paquistão (2,06 milhões), Uzbequistão (1,2 milhão) e da Rússia (1,05 milhão). Juntos, estes países representam 61% da escravidão moderna mundial, ou seja, quase 22 milhões de pessoas.
De acordo com a Walk Free, apesar de o índice de 2014 estimar que há mais 20,13% de pessoas escravizadas no mundo ante os dados de 2013, o aumento deve-se muito à melhoria dos dados e da metodologia. Este ano, o ranking foi elaborado com base em 167 países avaliados. Taiwan, Sudão do Sul, Coreia do Norte, Kosovo e Chipre foram incluídos no relatório de 2014. No ano passado, foram 162 países avaliados.
*Agência Brasil