Simpatizantes do ex-presidente comemoram do lado de fora do tribunal
KHALED DESOUKI / AFP
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Um tribunal do Cairo retirou a acusação so ex-presidente egípcio Hosni Mubarak de cumplicidade na morte de manifestantes durante a repressão aos protestos de 2011, além de absolve-lo das acusações de corrupção. Apesar da decisão, ele permanecerá detido em um hospital militar para cumprir uma pena três anos por outro caso de corrupção.
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Os dois filhos do ex-presidente, Alaa e Gamal, julgados ao lado do pai, foram absolvidos em função da prescrição dos crimes dos quais eram acusados. Os dois beijaram Mubarak no rosto, enquanto o ex-presidente se limitou a exibir um sorriso discreto.
Após o anúncio do veredicto, a alegria explodiu na sala do tribunal entre os jornalistas simpatizantes de Mubarak. Do lado de fora da Academia de Polícia (local do jugalmento), Mustafah Mursi, que perdeu o filho Mohamed durante a revolta de 2011, lamentou a sentença.
- Este veredicto é injusto. O sangue do meu filho foi derramado em vão.
Para o advogado de Mubarak, Farid al-Deeb, a decisão "prova a integridade" do governo do ex-presidente. Durante o processo pela morte dos manifestantes, sete ex-dirigentes das forças de segurança, incluindo o ex-ministro do Interior Habib al-Adly, foram declarados inocentes pelo juiz Mahmud Kamel al-Rashidi.
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Mubarak, que tem 86 anos e governou o país com mão de ferro durante 30 anos, foi condenado em junho de 2012 à prisão perpétua, mas a sentença foi anulada por razões técnicas, o que provocou um novo julgamento. O novo processo teve início em maio de 2013.
Mais de 840 pessoas morreram nos 18 dias da revolta popular de 2011 contra o regime de Mubarak, durante a qual os manifestantes exigiram a renúncia do ex-presidente. A brutalidade policial e os abusos das forças de segurança estavam entre as causas dos protestos.
"Tenho a consciência tranquila"
Nos últimos dias, a imprensa egípcia apostava em uma possível absolvição de Mubarak, uma consequência da mudança do clima político do país entre 2012 e agora. Os julgamentos contra Mubarak, com ampla cobertura da imprensa no início, rapidamente foram ofuscados pelos processos contra seu sucessor, o islamita Mohamed Mursi, destituído em julho de 2013 pelo ex-comandante do exército e atual presidente, Abdel Fatah al-Sisi.
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Mursi e quase todos os dirigentes de sua organização, a Irmandade Muçulmana, acabaram detidos e correm o risco de condenação à pena de morte em diversos julgamentos. Os meios de comunicação e boa parte da opinião pública acusam agora a Irmandade Muçulmana pela violência política iniciada em 2011, que ainda afeta o país. Ao mesmo tempo, a polícia acabou reabilitada em certa medida, já que a imprensa aprova a repressão das forças de segurança contra os islamitas pró-Mursi.
Após o golpe que derrubou o primeiro presidente eleito de maneira democrática no país, mais de 1,4 mil manifestantes islamitas morreram em ações da polícia e do exército, principalmente no Cairo, e mais de 15 mil integrantes e simpatizantes da Irmandade foram detidos. Centenas deles foram condenados à morte em julgamentos coletivos e sumários, chamados pela ONU de processos "sem precedente na história recente" do mundo.
O governo também reprime a oposição laica e de esquerda, com a detenção de dezenas de jovens militantes por infração de uma polêmica lei que limita o direito de protesto. Mubarak afirmou em agosto que "nunca ordenou a morte de manifestantes".
- Agora que minha vida se aproxima do fim, graças a Deus tenho a consciência tranquila - afirmou o ex-presidente, antes de declarar que estava feliz por ter dedicado sua vida a "defender o Egito".