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As péssimas condições de sobrevivência dos 22 tripulantes estrangeiros a bordo do navio Adamastos, de bandeira liberiana, foram constatadas na última terça-feira em inspeção do Ministério do Trabalho. A embarcação, em Rio Grande há mais de cem dias, está impedida de deixar o Porto porque tem ações judiciais e dívidas que somam R$ 3 milhões. As informações são da Rádio Gaúcha.
Segundo auditores fiscais do Ministério do Trabalho, os tripulantes têm limitação de água, comida, e combustível - necessário para o funcionamento da energia elétrica e equipamentos a bordo. Os trabalhadores são de sete países - Romênia, Geórgia, Egito, Ucrânia, Indonésia, Filipinas e Grécia - relataram, ainda, que não recebemsalários há seis meses.
- Eles estão preocupados, abatidos. Querem condições de existência. A água disponível serve para um ou dois dias. Eles se alimentam, basicamente, de macarrão, arroz e ervilha. Além disso, relatam que têm filhos, família, e não estão recebendo - disse, o auditor Fabio Lacorte da Silva.
- Como estão dentro de uma embarcação, sem condições de prover o próprio alimento e sem receber salários, temos uma situação bem próxima à escravidão - completou Silva.
Na vistoria, foram recolhidas amostras da carga de 57 mil toneladas de soja que tinham como destino a China. O carregamento de grão está avaliado em US$18 milhões. O Ministério do Trabalho vai notificar as empresas que representam o dono do navio, para a adoção de medidas imediatas para a repatriação dos tripulantes. Um relatório do caso também será encaminhado ao Ministério de Relações Exteriores.
Entenda o caso
Há quatro meses, o navio Adamastos, de bandeira liberiana, embarcou soja em um dos terminais do Porto de Rio Grande. Desde então, está impedido de seguir viagem. A embarcação possui dívidas com empresas da região. Foi o caso de rebocadores utilizados no dia 6 de agosto, quando o Adamastos encalhou próximo ao Porto e foi recuperado. Além disso, em inspeção, a Marinha do Brasil constatou problemas técnicos, principalmente no motor da embarcação. Os 20 tripulantes a bordo denunciaram o caso ao Ministério do Trabalho na sexta-feira.