Desconfio de um índice que coloca São Paulo no primeiro lugar em desenvolvimento humano. Desconfio muito. Uma cidade sem água, com níveis alarmantes de poluição, onde os engarrafamentos têm dezenas de quilômetros e a violência deixa todo mundo com medo.
Que tipo de desenvolvimento humano é viável num lugar assim? Tudo é possível para a ONU e seu pomposo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, o IDHM. Só acredito se a margem de erro for igual à dos institutos de pesquisa no primeiro turno da eleição.
O tal ranking divulgado durante a semana leva em conta renda, educação e longevidade. O único critério que realmente diz alguma coisa é educação. De nada adianta ter dinheiro e não poder usar. Ou ter de gastar com carros blindados, segurança privada e remédios para a hipertensão. Viver muito não quer dizer viver bem.
Educação sim. E é justamente aí que Porto Alegre patina. Está entre as piores regiões metropolitanas do país. Nós, que já fomos referência com nossas escolas.
Mas nem tudo está perdido. A pesquisa da ONU garante que os bairros Moinhos de Vento, Três Figueiras, Menino Deus e Rio Branco, entre outros da Capital, têm IDHMs maiores do que o Estado de Nova York. Uau!!!!
A partir dessa revelação espetacular, nossa Câmara Municipal tem o dever de aprovar, com urgência, o título de cidadão mega-master-hiperemérito para o coordenador dessa pesquisa. Vamos criar a marca #choraNY para celebrar nossa façanha. Quem precisa de 5ª Avenida? Nós temos a Padre Chagas. E, no próximo Gre-Nal, as duas torcidas gritarão juntas: Ucha ucha ucha, a ONU é gaúcha.
Esse índice estapafúrdio patrocinado pela ONU só comprova o acerto daquela velha piada. As estatísticas mostram tudo, menos o essencial.
E a gente ainda acredita.