A demora para restabelecer o fornecimento de energia elétrica, que tirou a paciência dos consumidores a ponto de motivar protestos em série na Região Metropolitana, pode reverter em multa para as concessionárias. É o que diz Carlos Martins, presidente da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs).
Até o final da tarde desta terça-feira, 72 horas depois do temporal, cerca de 21 mil clientes de CEEE e AES Sul ainda estavam sem luz - a maioria na área de cobertura da AES Sul, com 20 mil afetados, principalmente em Santana do Livramento, Vale do Rio Pardo e Canoas. Também houve registros de falta de água em Canoas, Cachoeirinha e Gravataí, motivados pela queda de energia, que prejudica o funcionamento das bombas, mas a Corsan afirma que o serviço foi normalizado.
Quando há interrupções prolongadas ou não houver desconto desse período na conta, como determina a Agência Nacional de Energia Elétrica, as companhias ficam sujeitas a multa. Nos últimos 10 anos, as concessionárias que operam no Estado foram autuadas em cerca de R$ 115 milhões, segundo a Agergs.
O presidente da agência reconhece que a aplicação de multas não tem surtido efetiva melhora do serviço prestado pelas concessionárias diante de intempéries como a do fim de semana, mas afirma que não há outra medida que o órgão regulador possa tomar a não ser fiscalizar, orientar e punir inconformidades:
- A solução quem tem de dar são as companhias de energia, nós não entramos na gestão das empresas. Infelizmente, não temos um padrão de rede adequado ao clima do Rio Grande do Sul, mas nossa função não é estabelecer metas de investimentos, somente nos cabe avaliar a qualidade do produto final.
O que poderia melhorar
- Informações objetivas sobre a previsão do restabelecimento de energia e o tamanho dos estragos, seja por meio de telefone 0800, torpedos e até mesmo pela imprensa, dariam mais tranquilidade aos consumidores, que, sabendo da previsão, poderiam fazer seu planejamento.
- O ritmo de trocas de postes é considerado muito aquém do desejável para reforçar as redes. Hoje, a média é de 40 mil postes por ano. Conforme o presidente da Agergs, Carlos Martins, para completar o ciclo de troca no Estado seriam necessários 20 anos, sendo que a durabilidade dos equipamentos, já que as companhias usam principalmente postes de madeira, seria inferior a isso, além de ser menos resistente a temporais do que postes de concreto ou fibra.