Adriana Irion
A hipótese mais forte para o violento protesto ocorrido na Vila Cruzeiro, em Porto Alegre, é a revolta pela morte de Bruno Queiroz Galvão Campos, 18 anos. O ato ocorreu na noite de segunda-feira, com a queima de um ônibus.
O jovem não tinha antecedentes criminais, mas, segundo a Brigada Militar, era suspeito de envolvimento com o tráfico.
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Conforme a delegada Andréa Mattos, da 6ª Delegacia de Homicídios, responsável pela investigação da morte, informações preliminares da perícia indicam que Bruno teria sido atingido por cinco disparos - nos glúteos e no tórax.
A suspeita de que o jovem teria ligação com o tráfico, segundo Andréa, se baseia no fato de que ele teria sido visto por policiais militares em um local onde funcionaria um ponto de venda de drogas. Estaria armado e teria fugido ao avistar uma viatura da BM. Durante a fuga, ele e um parceiro teriam atirado contra PMs.
Um vídeo - que teria sido feito por moradores e foi enviado à Polícia Civil - mostra o momento em que PMs do Pelotão de Operações Especiais (POE) do 1º BPM pegam pelas mãos e pelos pés o jovem baleado para levar ao hospital. Populares gritam para os policiais:
- Cadê a arma do guri? Cadê a arma do guri, seus abusados?
Segundo a comandante do 1º BPM, tenente-coronel Cristine Rasbold, foi encontrado com Bruno um revólver calibre 38, apreendido e entregue à Polícia Civil. A oficial ressaltou que os PMs foram ao local provocados por uma ligação para o 190, telefone de emergência da BM, que informava que havia pessoas armadas naquele ponto.
- Temos isso a nosso favor, há uma origem para termos ido lá, um chamado. Foi aberta sindicância, que é um procedimento de rotina, uma apuração, pois houve confronto e uma morte. Nós vamos apurar e a Polícia Civil também - explicou Cristine.
Em relação ao vídeo, a comandante disse:
- O vídeo em questão registra apenas um fragmento da ocorrência. Não é possível fazer nenhum tipo de comentário em cima dessa parte em específico. Estaremos analisando a ocorrência em maiores detalhes, através do Inquérito Policial Militar e da oitiva dos envolvidos na ação, bem como através do Inquérito Policial a ser realizado pela Polícia Civil. O presente vídeo será anexado aos autos.
Titular da 20ª Delegacia da Polícia Civil, que trabalha para identificar quem colocou fogo em um ônibus, o delegado Luís Fernando Martins Oliveira tem convicção de que o ataque foi motivado em reação à morte do jovem e que foi protagonizado, inicialmente, por homens armados. O fato de que estariam encapuzados está prejudicando a identificação de suspeitos por fotos. O delegado recebeu o vídeo que mostra Bruno sendo carregado por PMs e vai analisar o material.
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