
Pepe Vargas (PT-RS) está de volta ao ministério de Dilma Rousseff. Agora, em uma função de articulação política. Ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, o deputado gaúcho foi confirmado nesta segunda-feira como titular da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) para o segundo mandato da presidente. Substituirá Ricardo Berzoini, que segue para o Ministério das Comunicações.
Convidado na semana passada, Pepe terá a difícil tarefa de melhorar a relação do governo com um Congresso mais conservador, onde há uma oposição turbinada e ânimos acirrados pela Operação Lava-Jato.
Em entrevista a ZH, Pepe ignora as críticas internas à sua indicação e destaca que dispõe da confiança de Dilma para cumprir o novo desafio.
O senhor já comandou o Desenvolvimento Agrário, um ministério de execução. Nos próximos dias assume uma pasta do centro político do governo, de articulação. Quais os principais desafios para a nova função como ministro das Relações Institucionais?
Costurar o diálogo com Congresso, partidos, prefeituras e governos estaduais. No Congresso, o desafio é procurar o diálogo para aprovar os projetos considerados importantes pelo governo. Existe a independência entre os poderes, então, é importante que haja harmonia. E harmonia não significa concordar em tudo.
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A possível eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), líder do blocão, como presidente da Câmara pode dificultar a articulação?
Há três candidatos para presidência da Câmara, o Eduardo Cunha, o Arlindo Chinaglia (PT-SP) e o Júlio Delgado (PSB-MG). Não há resultado definido, o jogo está sendo jogado. Vamos dialogar da melhor maneira possível.
A indicação do senhor para SRI foi criticada por alas do PT, que questionaram sua capacidade de articulação. Qual a sua opinião sobre os comentários?
Quando não há fonte identificada, tenho o hábito de não comentar. Se uma pessoa não pode externar uma opinião, fica no campo da fofoca. E não gosto de trabalhar com fofoca. Fui vereador, prefeito por oito anos de Caxias do Sul, deputado estadual, fui eleito para o terceiro mandato como deputado federal, fui dois anos ministro do governo Dilma (Desenvolvimento Agrário). Há currículos mais vistosos, mas tenho experiência e a confiança da presidente, que me fez o convite para assumir o ministério.
Quando será a posse no ministério?
Tomo posse dia 1º, junto com a presidente e os demais ministros, e já começo a despachar. O trabalho não para. Na segunda-feira passada, quando recebi o convite da presidente Dilma, já tive uma reunião com o Ricardo Berzoni (titular da SRI) para acertarmos a transição.
O senhor despachará do Planalto, próximo da presidente e ao lado dos ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral). Por já conhecê-los, o trabalho fica mais fácil?
Conheço o Rossetto desde a década de 1980, nos tempos da fundação do PT, ou seja, temos uma relação que vem do Rio Grande do Sul. Com o Mercadante trabalhei no próprio governo da presidente Dilma, fomos ministros juntos. Então, no mesmo andar do palácio ficarão ministros que se conhecem. O time estará bem afinado.
Em 2015 serão apresentadas as denúncias contra políticos envolvidos na Operação Lava-Jato. Blindar o governo também é função do senhor?
Não há uma preocupação sobre blindar o governo, porque ele já está blindado por suas ações. A presidente Dilma Rousseff não é investigada, pelo contrário, seu governo deu condições e independência para que os órgãos de controle e a polícia investigassem a corrupção. Se algum ente político tiver a participação confirmada nos atos ilícitos, terá de pagar, doa a quem doer. Essa independência que Lula e Dilma deram para as investigações abre um novo estágio no combate à corrupção no Brasil, isso é positivo.
* Zero Hora