
Uma gerente da Petrobras teria advertido a atual diretoria da estatal de uma série de irregularidades nos contratos da empresa muito antes do início da Operação Lava-Jato. A informação foi publicada pelo jornal Valor Econômico.
Conforme a publicação, Venina Velosa da Fonseca, que foi funcionária do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, um dos denunciados pelo Ministério Público Federal na sétima fase das investigações, teria enviado denúncias por e-mail à presidente da Petrobras, Graça Foster, e ao diretor que substituiu Costa, José Carlos Cosenza.
Em nota, a estatal afirma que todas as informações enviadas pela funcionária foram apuradas, mas não confirmou se Foster e Cosenza receberam os e-mails publicados pelo Valor.
Os alertas encaminhados pela funcionária somariam bilhões de reais em três áreas da empresa. Algumas das denúncias se referiam a pagamentos de R$ 58 milhões por serviços na área da comunicação, em 2008, que não foram realizados. De acordo com a reportagem, a gerente teria procurado Costa para reclamar das irregularidades, e ele teria apontado para uma foto do presidente Lula e questionado se ela queria "derrubar todo mundo", diz a reportagem.
De acordo com o jornal, em 2009, a gerente enviou um e-mail a Graça Foster, então diretora de Gás e Energia, alertando sobre a escalada de preços em obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. As obras, orçadas em R$ 4 bilhões, chegaram ao custo de R$ 18 bilhões.
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Dois anos depois, em 2001, a gerente teria escrito outro e-mail a Graça dizendo não encontrar mais alternativas para mudar a situação dos desvios na empresa e sugerindo apresentar a documentação à então diretora de Gás e Energia.
Em março deste ano, Venina teria advertido Cosenza sobre perdas financeiras em operações internacionais da Petrobras, que subiram em até 15% os custos no Exterior. Em 19 de novembro, a gerente foi afastada de seu cargo junto a outros suspeitos na Operação Lava-Jato. Ela não teve o nome citado em denúncias.
Confira a nota divulgada pela Petrobras na noite desta quinta-feira:
"A Petrobras esclarece que, em relação à matéria publicada no Valor Pro de 11/12/2014, sob o título " Diretoria da Petrobras foi informada de desvios de bilhões em contratos", instaurou comissões internas em 2008 e 2009 para averiguar indícios de irregularidades em contratos e pagamentos efetuados pela gerência de Comunicação do Abastecimento.
O ex-gerente da área foi demitido por justa causa em 03 de abril de 2009, por desrespeito aos procedimentos de contratação da companhia. Porém, a demissão não foi efetivada naquela ocasião porque seu contrato de trabalho estava suspenso, em virtude de afastamento por licença médica, vindo a ocorrer em 2013. O resultado das análises foi encaminhado às autoridades competentes.
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Em relação aos procedimentos na área de Bunker, após resultado do Grupo de Trabalho constituído em 2012, a Petrobras aprimorou os procedimentos de compra e venda com a implementação de controles e registros adicionais. Com base no relatório final, a Companhia adotou as providências administrativas e negociais cabíveis. A Petrobras possui uma área corporativa responsável pelo controle de movimentações e auditoria de perdas de óleo combustível, que não constatou nenhuma não conformidade no período de 2012 a 2014.
Como mencionado em comunicados anteriores, a Comissão Interna de Apuração constituída para avaliar os processos de contratações para as obras da RNEST concluiu as apurações e encaminhou o Relatório Final para os órgãos de controle e autoridades competentes.Assim, fica demonstrado que a Companhia apurou todas as informações enviadas pela empregada citada na matéria".
*Zero Hora