Bruna Scirea
A decisão de uma escola de Cachoeira do Sul, região central do Estado, de proibir alunas de usar roupas curtas gerou polêmica entre alunos e parte da comunidade do município de pouco mais de 80 mil habitantes.
Os cartazes espalhados pela escola vedando o uso de "shorts, bermuda curta, blusa curta 'barriga de fora' e blusa com decotes grandes" levantaram uma questão: tal proibição pode reforçar comportamentos machistas? Especialistas ouvidos por Zero Hora acreditam que sim.
Para Eva Chagas, especialista em Educação Sexual, proibições são sempre provocativas, principalmente quando atingem adolescentes - e por isso devem ser pauta de discussão nos colégios.
- Entendo que o fato de meninas estarem mais expostas não significa que elas estejam se responsabilizando, provocando ou insinuando algo. Mas também considero que existem espaços em que o comportamento deva ser um, e espaços onde deva ser outro - avalia Eva.
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Professora e integrante do Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero da UFRGS, Jane Felipe acredita que as escolas que não têm uniforme podem estabelecer "protocolos de comportamento" - faz parte do papel da instituição orientar os alunos sobre normas de conduta, afirma. Ela considera, no entanto, que faltou diálogo com a comunidade no caso da escola de Cachoeira:
- É o momento certo para discutir esse crescente processo de erotização dos corpos infantis. É preciso, antes de proibir, discutir com a comunidade e os alunos. As meninas aprendem desde cedo que o valor delas tem a ver com o poder de sedução e roupas provocantes. Não deixa de ser função da escola mostrar que pensar assim é também uma forma de violência.
A polêmica ganhou dimensão após o Coletivo Feminista de Cachoeira do Sul ter encaminhado uma carta aberta à direção da escola:
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