A postura mais cômoda diante da crise das finanças do Estado, que pode resultar em atraso na folha de pagamento, é culpar o mensageiro, como fazem servidores públicos e o próprio governador Tarso Genro.
Reclamar do mensageiro, dizendo que alertar para a situação é terrorismo ou preparação de terreno para José Ivo Sartori adotar medidas antipáticas não resolve o problema de fundo: o Rio Grande do Sul gasta mais do que arrecada, as fontes de financiamento do déficit se esgotaram e as possibilidades de obtenção de socorro federal diminuíram com a indicação de um ministro da Fazenda linha-dura como Joaquim Levy.
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Que os servidores não conheçam o tamanho do rombo ou prefiram se enganar dizendo que em todos os governos se fala de crise e o dinheiro acaba aparecendo, é compreensível. Quem sofre por antecipação sofre duas vezes. O que não se entende é o discurso de Tarso, de atribuir a esta coluna e à RBS um movimento para, supostamente, facilitar o trabalho de Sartori.
É verdade que Sartori se elegeu sem dizer o que faria - e esta coluna incontáveis vezes registrou suas evasivas. Também é verdade que o peemedebista ficou incomodado ao ver revelada a informação de que sua equipe planeja segurar novos aumentos até que a situação se estabilize.
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Nada disso muda o fato de que Tarso só conseguiu manter salários em dia e ampliar gastos com saúde porque sacou cerca de R$ 6 bilhões dos depósitos judiciais, dinheiro que não é do Estado, é das partes.
Sobre o valor, o Estado precisa pagar juros e correção que consomem uma fatia equivalente ao que ganharia se conseguisse reduzir o desembolso com a dívida de 13% para 9% da receita líquida.
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Tarso indicou as fontes de financiamento que usaria se tivesse sido eleito: créditos da Lei Kandir, dinheiro de investimentos feitos pelo Estado em estradas federais no passado e compensações previdenciárias.
Se é tão fácil, por que não fez isso no primeiro mandato, sendo tão próximo da presidente Dilma Rousseff? O governador sabe que as coisas não são tão simples. Se fossem, não precisaria ter avançado sobre os depósitos judiciais (a maior parte acumulada no governo de Yeda Crusius) até o limite permitido por lei.