
Um discurso poético marcou a despedida do senador Pedro Simon (PMDB) da carreira política de quase seis décadas. Por mais de 30 minutos, o político gaúcho fez um balanço da sua vida pública e analisou o quadro atual do país. As homenagens de colegas se estenderam durante a tarde desta quarta-feira.
Simon entregará o cargo em 31 de janeiro de 2015, data em que completará 85 anos, 32 deles como senador. Foram quatro períodos na Casa, três ininterruptos. Por insistência do partido, concorreu nas eleições deste ano e presenciou, no terceiro lugar, a disputa acirrada entre Lasier Martins (PDT) e Olívio Dutra (PT). Nesta quarta-feira, o senador eleito, Lasier Martins, foi à Brasília acompanhar a despedida de Simon feita em sessão plenária deliberativa.
O discurso foi de reverência ao Rio Grande do Sul do começo ao fim. Antes mesmo do início, uma mudança de protocolo alterou a composição da mesa, para que fosse formada por três senadores gaúchos: Paulo Paim (PT), Lasier Martins (PDT) e Ana Amélia Lemos (PP). Paim passou a presidir a sessão e, das primeiras cadeiras do plenário, familiares de Simon, como a mulher Ivete e os filhos Pedro e Tiago, acompanharam as palavras do senador, aplaudido até chegar na tribuna.
- Não há razão para tristeza quando o coração tem a sensação de dever cumprido. Ainda que eu tenha cultivado a humildade de reconhecer que fiz menos do que poderia e muito menos do que desejei fazer. Aqui não só plantei, colhi. Essa Casa sempre foi para mim uma terra fértil. Que a minha colhida possa ter saciado o desejo de democracia, soberania, justiça do povo brasileiro - disse Simon, na largada do discurso.
Senadores Ana Amélia Lemos (PP), Paulo Paim (PT) e o eleito neste ano, Lasier Martins (PDT), acompanharam discurso da mesa
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Ao longo da fala, o senador citou os poetas Manoel de Barros, Mario Quintana e Pablo Neruda. Relembrou colegas políticos já mortos, como Ulysses Guimarães, e agradeceu a Deus por poder "representar o povo gaúcho e brasileiro". Ao citar que a partir do ano que vem terá mais tempo para aproveitar a família e viajar pelo país, disse que pretende ir em universidades, conversar com os jovens que expressaram um desejo de mudança.
- Uma juventude que clama e está indignada com a impunidade que alimenta a corrupção, responsável pelas nossas maiores mazelas. Não consigo imaginar como é o sono dos corruptos, se eles sabem que mais de 10 milhões de pessoas ainda são consideradas miseráveis, que morrem um pouco por dia por falta de comida, remédio e cidadania - criticou.
Interrompendo a fala de Simon, o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) sugeriu que a cadeira ocupada por Simon fique vazia a partir do próximo mandato.
- No ano que vem vamos dizer: naquela cadeira está faltando ele, e a saudade vai doer em nós - afirmou Luiz Henrique.
A trajetória política
Pedro Jorge Simon nasceu em 1930, em Caxias do Sul. Venceu a primeira eleição em 1959 e se tornou vereador no município. A partir de 1962, elegeu-se quatro vezes deputado estadual. Foi ministro da Agricultura em 1985 e governador do Estado entre 1987 e 1990. Elegeu-se senador quatro vezes.
A vida no Senado
A história de Simon no Senado começou em 1978, quando ele se elegeu senador pelo MDB. Voltou à Casa nas eleições de 1990, depois de deixar o governo do Estado, e se reelegeu em 1998 e em 2006. Nas eleições deste ano, ficou em terceiro lugar. Encerrará seu mandato em 31 de janeiro de 2015.
Governador: posse de Pedro Simon como 30º governador do Estado, em março de 1987, no Palácio Piratini
