Embora vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, a Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa/RS) tem vida própria. Cérebro do fornecimento de verduras e frutas para os gaúchos, ela representa a continuação de um sistema de comercialização que nasceu e cresceu vinculado à urbanização das cidades, baseado na lei da oferta e da procura. Bairros como a Cidade Baixa, em Porto Alegre, tinham chácaras responsáveis pelo abastecimento de frutas e verduras no início do século passado.
- Nos anos seguintes, a população aumentou e substituiu as chácaras por prédios - descreve Luis Paulo Vieira Ramos, da Emater, empresa que dá assistência técnica aos agricultores.
À medida que a população cresceu nos centros urbanos, o abastecimento começou a ser realizado em locais onde vários produtores levavam seus produtos e formavam uma espécie de central de compras. Na Capital, ganhou fama a Doca das Frutas, à beira do Guaíba. Anos depois, os produtores constituíram um mercado a céu aberto na Avenida Praia de Belas, nas imediações de onde hoje é a Estação Açorianos do Corpo de Bombeiros.
Na década de 1960, o abastecimento de frutas e verduras se tornou assunto de estado no Brasil. Um dos motivos foi o fato de os preços dos produtos fazerem parte da pesquisa para calcular a inflação. Ocorria um aumento do interesse nesses produtos devido à mudança nos hábitos alimentares da população, que buscava uma vida mais saudável. O crescimento da procura colocou o antigo sistema de abastecimento por terra, e o governo buscou o conselho da FAO - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura - para solucionar o problema.
- Aí que nasceu a ideia das centrais - lembra Amauri Moraes Pereira, gerente da Divisão Técnica da Ceasa/RS.
Em 1973, os produtores foram transferidos da Praia de Belas para os prédios da Zona Norte, que entraram em funcionamento em março de 1978 no bairro Anchieta. A área tem 42 hectares, com 18 pavilhões.
Lá, os caminhões chegam 24 horas por dia e vão para boxes ou lojas dos atacadistas - aqueles que compram em grande quantidade. Ali, os produtos são tratados como fossem participar de um concurso de beleza. Os mais bonitos são colocados em destaque para chamar atenção dos compradores.
*Zero Hora