
O desencontro sobre a vigência do convênio que garante o trabalho do serviço aeromédico do Samu atrasou o dslocamento do menino Thiago Baez Cichanowski, 3 anos, de Capão da Canoa a Porto Alegre em mais de uma hora.
A médica plantonista que acompanhou o deslocamento do menino que caiu da sacada do Hotel Bassani na manhã desta terça-feira, está entre o grupo que deve ser desligado pelo atual governo.
A decisão de acompanhar o paciente para monitorar seu estado de saúde no deslocamento aéreo do litoral até Porto Alegre foi tomada por conta e risco da profissional quando percebeu que não haveria equipe para acompanhar a viagem.
- Precisei insistir para trazer pessoalmente o menino. Só consegui porque me responsabilizei pelo transporte e tive apoio da Brigada Militar - diz Rossana de Carli.
No último sábado, por meio de uma mensagem de áudio recebida no smartphone do grupo, a equipe soube que seus serviços estariam dispensados pela Central de Regulação do Samu. Os profissionais em serviço, que atuavam de forma voluntária desde setembro, recolheu os equipamentos que ficavam montados dentro da aeronave da Brigada Militar.
Ao perceber que o quadro de politraumatismo sofrido após a queda de uma altura de 7 metros requeria o atendimento em uma UTI pediátrica, a médica acionou seus contatos do Batalhão Aéreo da Brigada Militar, que cedeu a aeronave para o deslocamento até o Hospital Pronto Socorro da Capital.
O tempo para delocar Thiago em helicóptero demorou cerca de duas horas, 1h15min a mais do que costumaria levar no deslocamento usual. Rossana atribui a demora à dificuldade de obter a autorização junto a Central de Regulação do Samu e à montagem dos equipamentos no interior da aeronave.
Segundo Rossana, deslocar o paciente sem a presença de um profissional da área médica seria de grande risco, uma vez que os militares que pilotam a aeronave não possuem capacitação para manejar os equipamentos médicos ou cuidar dos pacientes.
No fim de janeiro, o diretor do Departamento de Atenção Hospitalar e Ambulatorial da Secretaria da Saúde, Alexandre Brito, desqualificou o serviço da equipe e afirmou que o governo está promovendo uma reestruturação do transporte. O motivo seria, segundo Brito, a ineficácia do serviço. Logo após, Brito recuou e garantiu que o atendimento aeromédico prestado pelo Governo do Estado não iria acabar.
No último sábado, dia 7, um funcionário da Central de Regulação do Samu teria ligado para o telefone do grupo informando que o sinal estava fora de operação. Quem relata é a enfermeira da equipe SueHelen Barreto:
- Estamos de mão atadas. Não podemos fazer o plantão. A gente já não vinha sendo chamado, mas foi a primeira vez recebemos uma notificação negativa. Sábado recebemos a orientação de não ir mais voar. Minha colega passou o telefone para o médico de plantão, que solicitou uma notificação por escrito. A enfermeira na Central de Regulação disse que só obedecia órdens e não enviou nada - disse SueHelen.
A secretaria da saúde foi contata por meio de sua assessoria de imprensa. Até o momento da publicação desta matéria, não se pronunciou a respeito da orientação dada à equipe de aeromédicos do Samu.
Secretaria da Saúde reafirma vigência do serviço
Por meio de nota emitida no final da tarde desta terça-feira, a Secretaria Estadual da Saúde reafirma que o atendimento aeromédico continua sendo prestado pelo helicóptero da Brigada Militar. A nota informa ainda que o primeiro atendimento de Thiago teria sido às 9h40min no Hospital Santa Luzia, de Capão da Canoa, e a chegada em Porto Alegre ocorreu às 12h34min.
Segundo o diretor do Departamento de Assistência Hospitalar e Ambulatorial da Secretaria Estadual da Saúde, Alexandre de Britto, os dois helicópteros adquiridos pela SES, em 2014, permanecem nos Estados Unidos, aguardando a entrega por parte do fabricante.