O conflito na Ucrânia não é por terra, nem por língua, nem por religião. É por algo que é mais do que a soma de tudo isso: poder. Há um ano, uma revolução derrubou o presidente Viktor Yanukovitch. A população se rebelou depois que forças de segurança mataram cerca de cem manifestantes na capital.
Yanukovitch era acusado de governar em aliança com os oligarcas da grande indústria privatizada a partir de 1991 e de comandar uma administração baseada na corrupção e na perseguição aos opositores. Exatamente como faz seu amigo Vladimir Putin na Rússia.
Líderes mundiais acertam acordo de cessar-fogo na Ucrânia
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Muitos afirmam, de maneira simplista, que a queda de Yanukovitch foi tramada pelos Estados Unidos e pela Alemanha. É verdade que muitos dos que estavam nas ruas viam com simpatia a aproximação com o Ocidente. Mas não eram a maioria. Desde 1991, partidos pró-europeus e pró-Rússia se alternaram no poder na Ucrânia. O que é consensual, entre os ucranianos, é que o país tem de permanecer independente.
Putin viu a queda de Yanukovitch como uma provocação e um exemplo perigoso. Em retaliação, anexou a Península da Crimeia e incentivou rebeliões no leste da Ucrânia. Começou uma guerra civil que já deixou 5,3 mil mortos.
A Alemanha decidiu forçar um acordo de paz porque a economia ucraniana está no fundo do poço e suas forças armadas podem entrar em colapso. A paz, neste momento, sacramenta a divisão do país. A Rússia fica com a Crimeia e terá influência nas áreas controladas pelos separatistas, no Leste. O Oeste receberá um pacote de ajuda de 17,5 bilhões de euros do Fundo Monetário Internacional para fechar as contas e terá de privatizar a estatal de gás.
Na Guerra Fria, o maior preço foi pago pela Alemanha, dividida durante 40 anos. Desta vez, a vítima da vez foi a Ucrânia. Quando os ucranianos se derem conta disso, a Cúpula de Minsk será lembrada como uma página sombria da história.
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